Em todo início de ano, surge a tentação das liquidações. Os descontos podem fazer com que as pessoas mais controladas financeiramente acabem não resistindo. As compras trazem prazer e se tornam compulsão para cerca de 2,5% da população brasileira ao longo da vida. Fazer compras pode se tornar doença -muitas vezes uma resposta a uma ansiedade ou um medo -, que deve ser tratada com medicamentos e terapia. E nesta época do ano, na qual muita gente sai às compras devido aos preços mais baixos, o problema pode passar desapercebido.

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Ana Paula Pepe, psicóloga clínica do Hospital Vitória, conta que as compras se tornam um problema quando afetam as relações pessoais e profissionais. A compulsão pode ser manifestada em outras ações, como a atividade física em exagero ou a ingestão de comida de maneira incontrolável. “A compulsão vem depois de uma experiência não muito boa. A pessoa tem angústia e medo e então vem a necessidade de tentar controlar esses sentimentos. Às vezes, vai além do controlável e por isso existe a dificuldade de parar”, comenta.

Culpa

É possível perceber mais facilmente a compulsão por compras quando a pessoa adquire os produtos, mas não os utiliza. A culpa também pode aparecer depois das compras. Entretanto, isso não é suficiente para fazer com que o ciclo seja encerrado, já que as compras são encaradas como as únicas soluções para quem tem a compulsão. “E isso se torna uma bola de neve, com um custo super alto. A consequência pode ser a quebra financeira”, explica Ana Paula.

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Transtorno

A compulsão pelas compras está dentro dos transtornos de impulso. Ela pode ser manifestada por meio do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) ou no transtorno bipolar. No transtorno bipolar, a compulsão por compras aparece na fase de euforia, na qual a pessoa acha que tudo pode. “Ela precisa se satisfazer comprando. E às vezes é nem para ela, mas para os outros”, declara a psicóloga Elisete Bairros Rey.

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O doente fica sem noção do que faz e só depois “cai a ficha”, quando vem a depressão. “Tudo depende do grau em que a pessoa se encontra e se o ambiente favorece. Se a pessoa está estabilizada quando vai a um shopping cheio de ofertas, vai ficar mais tranquila”, afirma Elisete.

Crianças

A compulsão por compras pode ocorrer em jovens no final da adolescência e até na infância, de acordo com Ana Paula. São crianças que ficam muito pressionadas para responder a um nível de perspectiva. A psicóloga lembra que os pais devem conversar e cobrar dos filhos, mas não de uma maneira patológica. No caso de desconfiança de que há algo de errado com a criança ou adolescente, uma alternativa é procurar a escola para saber mais do comportamento do filho.

Elisete esclarece que o motivo da ansiedade deve ser investigado. O tratamento para a compulsão pode aliar terapia e medicamentos, dependendo da gravidade do caso.