Atire a primeira pedra quem nunca comprou uma roupa só porque passou em frente à vitrine de uma loja e achou a peça atraente? Quem nunca gastou muito mais que o previsto em supermercados ou adquiriu objetos de pouca ou nenhuma serventia só porque eles estavam em locais de fácil acesso nas prateleiras? A chamada compra por impulso, realizada sem que haja real necessidade, é responsável por cerca de 40% das vendas realizadas pelo comércio.
O dado é da Fundação Instituto de Administração (FIA), de São Paulo, e é confirmado pelo economista e vice-presidente do Conselho Regional de Economia do Paraná, Gerson Lima. Segundo ele, a compra por impulso é ótima para a economia, pois quanto mais as pessoas compram, mais a economia cresce. Porém, ela acaba se tornando um problema pessoal quando o comprador gasta mais do que pode e acaba ficando sem dinheiro para bem suprir suas necessidades básicas.
"Comprar por impulso é normal do ser humano, sendo que 80% das pessoas acreditam que fazê-lo é chique e o desejam. Homens e mulheres, dependendo da própria renda, compram com maior ou menor freqüência coisas que acham bonitas no momento e que acabam ficando guardadas no fundo de armários ou na dispensa. Isto se torna um problema quando a pessoa não consegue juntar o mínimo de dinheiro necessário para garantir necessidades básicas, como de moradia, e acabam entrando no vermelho", comenta Gerson.
Segundo a psicoterapeuta e professora da PUCPR, Renate Vicente, tantos as mulheres quanto os homens costumam ser vítimas do impulso de comprar. Porém, elas geralmente são mais assediadas pela mídia, adquirindo principalmente produtos ligados à imagem pessoal, como roupas, sapatos, jóias e alimentos dietéticos. Já eles normalmente são mais atraídos por artigos esportivos, carros, equipamentos eletrônicos e bebidas. "Muitas vezes, a aquisição de um produto está ligada ao prazer de tê-lo. Algumas pessoas são mais inseguras e acabam buscando referências externas para encontrar uma identidade", diz.
Com o objetivo de incentivar a compra por impulso, os comerciantes utilizam-se de diversas estratégias de marketing. Entre elas estão colocar itens de necessidade básica no fundo das lojas, fazendo com que os compradores tenham que obrigatoriamente passar por produtos supérfluos; arrumar as vitrines dando destaque a itens que não são de primeira necessidade; incrementar a decoração e exibir propagandas de cunho bastante emocional, com a finalidade de fazer com que os consumidores acreditem que precisam ter determinado produto.
Para fugir das tentações, o economista Gerson tem algumas dicas. "A primeira delas é não andar com talões de cheque e cartões de crédito, o que torna o acesso aos produtos mais fácil. Antes de ir a supermercados, o ideal é fazer uma lista do que precisa ser adquirido e levar o dinheiro já contado. Em relação às crianças, elas até podem ser levadas aos estabelecimentos, mas as regras do jogo devem ser ditadas ainda em casa", finaliza.
