Foto: Aliocha Mauricio/O Estado

Imagem de 18,5 metros de
altura está pichada até a cabeça.

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O complexo turístico formado pelo Cristo do Purunã e pelo Recanto Martinho Rosembeck, próximo ao distrito de São Luiz do Purunã, na BR-277, está em estado de descaso total. Antigo ponto de encontro de famílias dos municípios próximos, o local era famoso por abrigar uma vista de encher os olhos e estrutura de lazer, com parquinho e churrasqueiras. Hoje, no entanto, está cheio de mato e a estátua do Cristo, construída em um ato de devoção e agradecimento, coberta por pichações. O problema é que a permissão para revitalizar o local parece não ser tarefa fácil. Esbarra em impasses e atribuições de responsabilidade indefinidas entre proprietários da terra, governos e da concessionária Rodonorte, que administra o trecho em questão.

A localização é privilegiada. Para quem vem de Curitiba pela 277, o acesso ao Cristo e ao recanto fica pouco antes da praça de pedágio de São Luiz do Purunã, em uma estrada à esquerda. O morro onde está o monumento é um dos pontos mais altos da serra e, lá de cima, é possível identificar com perfeição a divisa entre o primeiro e o segundo planaltos, em uma vista deslumbrante dos municípios de Balsa Nova, Campo Largo e até de Curitiba, 45 quilômetros distante. Com o céu limpo, até a Serra do Mar pode ser vista. Sobre esse cenário, abre os braços o Cristo de 18,5 metros de altura – atualmente pichado até a cabeça e depredado também pelo tempo. Foi construído em 1976 por um casal de guarapuavanos, como pagamento a uma promessa.

Seguindo a estrada de acesso, algumas curvas à frente está o Recanto Martinho Rosembeck. Isso para quem for hábil em vê-lo em meio à vegetação, que já tomou conta do local. Os antigos quiosques, com mesas e churrasqueiras, e o parquinho das crianças estão destruídos ou encobertos pelo mato. Visitação, ali, praticamente não existe mais – até mesmo pela impossibilidade em usar a infra-estrutura.

Segundo a turismóloga responsável pelo departamento de Turismo da Prefeitura de Balsa Nova, Flávia Garrett, o complexo era ponto disputado de visitação nos fins de semana, há cerca de quinze anos. De lá para cá, com a falta de manutenção, passou a ser freqüentado apenas por vândalos. "A partir do momento em que um local passa a ser descuidado, as famílias deixam de procurá-lo. E o Cristo sempre foi considerado um dos pontos turísticos fortes de São Luiz do Purunã. Há possibilidade de restaurá-lo e até mesmo construir um mirante, com infra-estrutura para atrair o turista", explica.

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Revitalizar o Cristo, segundo Flávia, é intenção da Prefeitura, mas a permissão para isso esbarra num impasse com a família responsável pela construção do monumento. "Seria possível atrair novamente os turistas e, com isso, trazer renda também à cidade. O problema é que os filhos do casal desistiram de doar o local para o município", ressalva. Segundo a turismóloga, tal acordo de doação teria sido firmado com a administração anterior, mas informalmente. "Não foi feita a parte burocrática e, quando tentamos fazer a transferência, os filhos do casal não tinham mais intenção em doar o lugar ao município." Com isso, a restauração do Cristo ainda deve esperar, ainda, por outros longos anos.

Ninguém assume responsabilidade pelo recanto

Foto: Aliocha Maurício/O Estado

Local, que já foi muito disputado, está totalmente abandonado.

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Enquanto a revitalização do mirante do Cristo depende do fim do impasse entre a família detentora da terra e a Prefeitura de Balsa Nova, o recanto enfrenta situação ainda mais crítica. Inaugurado em 1966, era da alçada do governo do Estado, através do Departamento de Estradas de Rodagem (DER). Hoje, o órgão afirma que quem responde pela manutenção do local é a concessionária Rodonorte, que administra o trecho da rodovia onde o Martinho Rosembeck está instalado.

A responsável pelo Departamento de Turismo da Prefeitura de Balsa Nova, Flávia Garrett, lembra que a Secretaria da Administração do município também pleiteou a liberação de recursos para revitalizar o recanto – o que não foi possível por não se tratar de local da alçada municipal. Mesmo assim, aguarda que haja definições para que a área volte a ser como antigamente, quando as famílias chegavam a disputar os quiosques aos domingos.

Mas, pelo visto, tão cedo isso não deve acontecer. Segundo a assessoria de imprensa do DER, quem responde pelo recanto é a Rodonorte, desde que a concessão foi feita – e que os fiscais do departamento iriam, inclusive, visitar o local para cobrar tais cuidados da concessionária. Já a Rodonorte insiste que a área em questão não é de sua alçada – e não recomenda seu uso, já que poderia implicar em riscos por ser área de acesso à rodovia utilizada para piqueniques e possível consumo de bebida alcoólica. Enquanto isso, o recanto fica apenas na lembrança das famílias que o freqüentavam. E entra para o rol de mais uma "terra de ninguém" no território do Estado. (LM)