Teste

Como são feitos os exames de covid-19: o que detecta o PCR e o teste sorológico

Cotonete de coleta do exame PCR pra detectar coronavírus. Foto: Pedro Ribas / Prefeitura de Curitiba

A pandemia de covid-19 fez laboratórios de todo o mundo correr atrás da elaboração de testes para detectar a infecção do novo coronavírus entre a população. Embora ainda não haja remédio específico ou mesmo uma vacina contra o vírus, a contagem de infectados feita através dos testes tem sido crucial para entender a disseminação da pandemia e assim controlar a doença por meio de isolamento e uso de máscaras.

Existe atualmente no mercado dois tipos de testes para detectar a covid-19: o PCR e o exame sorológico. “Esses dois tipos de exames são bastante diferentes em questão de finalidade. O único exame que vai mostrar se a pessoa está doente é o PCR. Ele identifica a presença do vírus nas secreções. Se for positivo, demonstra que a pessoa está com a doença”, explica a médica endocrinologista Myrna Campagnoli, do Laboratório Frischmann Aisengart. “Já a sorologia vai avaliar o status imunológico, vai dizer se a pessoa teve contato com o vírus ou não”, completa a médica.

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Exame PCR

O exame PCR é feito para diagnosticar se uma pessoa tem a presença do novo coronavírus nas secreções. A coleta é feita com um tipo de cotonete longo, recolhendo secreções da boca e do nariz. O teste dá positivo quando é encontrado material genético do vírus. Para ser negativo, o exame não encontra a presença do vírus. 

Coleta para teste do tipo PCR. Foto: Pedro Ribas / Prefeitura de Curitiba.

“O PCR tem mais positividade entre o terceiro e o quarto dia de sintomas. Por isso, o ideal é que seja colhido entre esses dias”, explica a médica endocrinologista Myrna Campagnoli. O PCR tem chances de apresentar um falso negativo, caso seja feito numa situação muito precoce. Por isso precisa ser feito no período certo. Não há chances de falso positivo.

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O exame PCR tem custo médio de R$ 320. A maioria das operadoras e planos de saúde cobrem o exame. O resultado fica pronto em cerca de 48 horas.

Exame sorológico

O exame sorológico não identifica a presença do vírus, mas sim a resposta imunológica do organismo, ou seja, a presença de anticorpos no plasma do sangue, que começa a aparecer depois do sétimo ou oitavo dia da doença. “A gente vai aprendendo todo o dia com esses exames. No caso do coronavírus, o aparecimento dos anticorpos é tardio. Tem gente que apresenta anticorpos depois de até 20 dias”, comenta a médica.

Exame sorológico para coronavírus é feito por meio de coleta de sangue. Foto: Pixabay.

Como o exame depende da resposta imunológica de cada pessoa, um resultado negativo pode na verdade ser um “talvez”. “Pode ser que a pessoa não tenha desenvolvido anticorpos a tempo. E essa é a grande preocupação com esses exames”, avalia a médica do Laboratório Frischmann Aisengart. Por isso, o ideal é que a sorologia seja feita depois de 10 dias de sintomas. 

O exame de sorologia costuma ficar pronto no mesmo dia e pode ser colhido de duas maneiras: tanto em laboratório, numa análise mais detalhada, ou por meio de um teste rápido, que já é oferecido nas farmácias de Curitiba.

“A diferença é que o exame de laboratório é mais confiável, já o teste rápido é menos sensível”, comenta a médica. A sorologia oferecida nos laboratórios custam, em média, R$ 280. Já o teste rápido, que se encontra em farmácias, custa R$ 180.

O exame sorológico pode apresentar falso negativo, caso seja feito precocemente. Mas também pode apresentar um falso positivo. “O falso positivo acontece no caso da pessoa ter uma doença autoimune, quando produz anticorpos de forma exagerada. Um falso positivo que chama atenção é no pós-vacinação contra gripe. Esse tipo de anticorpo tem interferido em alguns testes”, salienta a profissional. No entanto, um teste falso positivo não permanece pra sempre. “Se você repetir ele em 14, 15 dias, vai dar negativo”, explica.

Teste rápido de covid-19. Foto: Pedro Ribas / Prefeitura de Curitiba.

De acordo com a médica, há diferentes tipos de anticorpos no nosso corpo, são eles que demonstram o estágio da infecção. “Os do tipo IGA e IGM são anticorpos de fase aguda. Já os IGG, anticorpos mais tardios, conferem certa imunidade para a doença”, comenta Campagnoli.

A detecção de anticorpos do tipo IGG em casos de coronavírus demonstra que a pessoa passou por infecção e que se recuperou. Nesse caso, não há chance para falso positivo.

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O que ainda é um mistério é que não existe nenhuma comprovação científica de que pessoas que contraíram coronavírus estão livres de ter a doença novamente. “Pensando em imunologia, a títulos de IGG altos, a chance de pegar a doença é muito pequena. Mas se essa IGG vai durar muito ou pouco tempo, a gente ainda não sabe”, avalia a médica. 

Metodologias diferentes

Um ponto importante destacado pela médica Myrna Campagnoli é de que a interpretação entre positivo e negativo, no sentido de sensibilidade química, varia de acordo com o laboratório que produz o teste. “Como é um exame muito novo, ele foi produzido por várias indústrias farmacêuticas e tem diferenças entre si, no sentido de sensibilidade”, explica a endocrinologista. 

Segundo ela, não é possível comparar numericamente o mesmo tipo de exame feito com kits diferentes. “Às vezes isso gera dúvida. Pode dar um número mais alto no primeiro teste e mais baixo no segundo. Mas é preciso ressaltar que esse tipo de comparação numérica não é possível”, alerta.


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