Comissão investiga conflitos do campo no Estado

Segundo o deputado federal Adão Pretto (PT/RS), o clima de animosidade entre fazendeiros e agricultores sem terra no Paraná é preocupante. Ele é presidente da Comissão de Legislação Participativa (CLP) da Câmara dos Deputados e esteve ontem em Cascavel e Ortigueira, para apurar denúncias de formação de milícias armadas.

Três pessoas morreram em apenas sete meses e houve vários conflitos. Para acabar com o problema, ele afirma que é necessário desarmar os fazendeiros e promover a reforma agrária.

Pretto classificou a situação como muito grave. Afirmou que, além dos assassinatos, há muitas lideranças que estão ameaçadas de morte. Ele disse que milícias armadas fazem o despejo dos trabalhadores usando de muita violência. O parlamentar encontrou um carro chamado de caveirão, que foi utilizado para expulsar os sem terra. O veículo é blindado e possui janelas pequenas, onde são dispostas as armas.

A visita de membros da comissão ocorreu depois que integrantes de movimentos sociais de luta pela terra estiveram em Brasília, denunciando a situação. Em outubro do ano passado, o militante Valmir Mota de Oliveira, conhecido como Keno, foi executado à queima-roupa em um confronto entre os trabalhadores e pistoleiros. Outras cinco pessoas saíram feridas e um integrante da suposta milícia também morreu. A briga ocorreu nas terras da fazenda Syngenta Seeds, no oeste do Estado.

O outro caso ocorreu em março deste ano. O líder do MST em Ortigueira, Eli Dallemole, foi assassinado dentro de casa, na presença da família. Dias antes de seu assassinato, os trabalhadores que residiam no acampamento liderado por ele foram aterrorizados. Passaram a madrugada sendo ameaçados por homens armados e tiveram vários pertences queimados.

Este mês ocorreu outro conflito. Na madrugada do dia 8, uma milícia armada atacou o acampamento Primeiros Passos, na fazenda Bom Sucesso, com mais de 150 famílias, localizado às margens da BR-369, entre Cascavel e Corbélia. De posse de armas, usaram tratadores e retro-escavadeiras para destruir plantações e estruturas do acampamento, inclusive a escola e a igreja.

Audiência

O deputado está programando uma audiência com o ministro da Justiça, Tarso Genro, e o ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, para tentar encontrar uma solução para o conflito. Para ele, é necessário desarmar fazendeiros e acelerar o processo de reforma agrária.

O presidente da Sociedade Rural do Oeste, Alessandro Meneghel, criticou a visita. Disse que os deputados estão defendendo as pessoas que estão roubando os fazendeiros. ?Eles invadem as nossas propriedades, matam o gado, ameaçam funcionários e nada acontece?, reclamou. Disse ainda que se o governo cumprisse a lei, fazendo as reintegrações de posse, por exemplo, estes conflitos não ocorreriam. Amanhã eles promovem na cidade uma carreata pedindo paz no campo e cumprimento da Justiça.

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