A América do Sul tem cerca de 100 mil vítimas do tráfico de pessoas. Um número considerável está na região da tríplice fronteira do Brasil com o Paraguai e a Argentina, na região de Foz do Iguaçu. Ontem, representantes dos três países se reuniram em Foz para discutir a situação e ficou acertado que será criada uma comissão para coordenar e implantar ações de combate ao problema. O tráfico de pessoas para a exploração sexual de mulheres e crianças é o mais comum nas fronteiras.
Esse é o segundo encontro organizado pela Organização Internacional para a Migração (OIM) para discutir o tráfico de pessoas na tríplice fronteira. Segundo o representante regional da OIM para os países do Cone Sul, Eugênio Ambrossi, o tráfico de pessoas se configura quando há o recrutamento, o transporte e o agenciamento de pessoas para serem exploradas em atividades laborativas ou sexualmente. Há ainda o tráfico de crianças para a venda, além da comercialização de órgãos.
No caso da tríplice fronteira, as mulheres e crianças são vítimas da exploração sexual. A região soma uma série de fatores que contribuem para o problema: o escasso controle da passagem de crianças e adolescentes nas fronteiras, a falta de uma coordenação de ações para prevenir e punir os responsáveis nos três países, a falta de proteção às vítimas e a situação de pobreza da região.
As vítimas são recrutadas e exploradas nos três países. Não se sabe ao certo o número porque a Argentina e o Paraguai não têm uma legislação sobre o assunto: a exploração não se configura como um crime. ?Mas sabe-se que existem milhares de casos?, comenta Ambrossi.
No encontro, realizado ontem, os três países se comprometeram a criar uma comissão para coordenar e implantar ações de combate ao problema. Para Ambrossi, o próximo passo será uniformizar a legislação do Brasil, Paraguai e Argentina, além de criar um sistema de atendimento às vítimas. ?Sabemos que existem muitos problemas, mas há vários aspectos positivos. A sociedade está se organizando para combater o problema?, diz. Para ele, as mudanças vão ocorrer de forma gradativa?, comentou.