Uma comissão formada por parlamentares, integrantes da Comissão Pastoral da Terra (CPT), pela ONG Terra de Direitos, religiosos e movimentos sociais deve ir hoje para Londrina conversar com autoridades políticas e policiais sobre o despejo das cerca de 40 famílias da Fazenda Três J, de propriedade do deputado federal José Janene (PP). O MST alega que as famílias foram tiradas à força do local por capangas do deputado às 5h da última terça-feira. No final da tarde de terça, o MST voltou ao local para buscar seus pertences, mas a maior parte já tinha sido queimada.
?Vamos conversar com as famílias, com a polícia e com o prefeito (Nedson Micheleti) e ir até a fazenda?, contou o deputado estadual Tadeu Veneri (PT). A comissão deve ir à Polícia Federal denunciar o caso. De acordo com o deputado, é preciso exigir uma solução antes que o fato abra precedente. ?Acho que se não for resolvido rapidamente, pode se tornar referência para outros proprietários. Ficou claro o desacato ao governo do Estado e à Polícia Militar (PM). Tiraram 150 pessoas na carabina e a polícia ficou ?mais ou menos? assistindo. E a situação contrária, se o MST ocupasse uma fazenda com violência, seria inadmissível?, afirmou.
O MST reclama também que a maior parte dos seus objetos foi queimada e que não conseguiu retirar tudo que sobrou. Na terça-feira à tarde, por intermédio da PM, o MST tentou negociar com o gerente da fazenda para poder recuperar seus bens. Depois de muita discussão, por volta das 19h30 cinco membros do movimento puderam entrar. Segundo Diego Moreira, da coordenação estadual do MST, eles se depararam com as barracas queimadas e o máximo que conseguiram salvar foram alguns colchões e alimentos. ?E alguns animais, como gado, porcos e galinhas levados pelo MST à fazenda na época da ocupação (em setembro) ainda não foram devolvidos?, contou.
Proteção
Desde terça-feira pela manhã a PM está do lado de fora da fazenda de Janene. ?Ainda estamos no local para assegurar que os ânimos vão ficar calmos e que não vai acontecer nenhum problema, nenhum confronto?, explicou o comandante interino do 5.º Batalhão da PM, de Londrina, major Fábio Luiz Rincoski.
Já o delegado-chefe de Londrina, Sérgio Luiz Barroso, explicou que a polícia continua investigando os mandantes do despejo. No local, os funcionários de Janene falaram que tinham retirado as famílias do local. Entretanto, no depoimento para a polícia, os dois homens presos por porte ilegal de arma e munição falaram que o MST resolveu sair pacificamente da área. Além disso, disseram que foram liderados à fazenda por um funcionário chamado Jairzão. ?Agora esta pessoa será intimada para depor?, explicou o delegado-chefe.
Desaparecido
O MST informou, no início da tarde de terça-feira, que um dos coordenadores do acampamento na fazenda de Jenene, João Batista, estava desaparecido. Ontem ele foi localizado na casa de parentes em Londrina. ?O grupo de pistoleiros correu atrás dele e ele correu para o mato e foi se esconder em Londrina, na casa de parentes?, contou Moreira.