Comércio de Pinhais pede segurança

A criminalidade na cidade de Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba (RMC) é tão grande que Ana Maria Rosso do Rosário, proprietária de uma loja de confecções na Avenida Iraí, chega até a ironizar a situação. "Se aparecer alguém aqui dizendo que nunca foi assaltado, dê um prêmio a ele". A frase evidencia que quase todos os estabelecimentos dessa região, considerada o pólo comercial da cidade, já sofreram assaltos e roubos.

Os comerciantes denunciam que de nada adianta chamar a polícia para resolver a situação, mesmo com a existência de um módulo policial na avenida, que sempre fica vazio. Diariamente precisam conviver com o medo e a expectativa de saber quem será o próximo. Alguns comerciantes colocaram faixas em suas lojas para mostrar a indignação que estão sentindo.

Enquanto a loja de Ana estava sendo erguida, ladrões entraram três vezes na obra para levar material de construção. Depois disso, durante uma reforma, aproveitaram a ausência de alarmes para levar R$ 25 mil em mercadorias, principalmente calças jeans. "Fomos na delegacia. Eles vieram aqui, mas queriam que a gente desse pistas. Ajudamos até onde podíamos. Em todas as situações fizemos o B.O. (Boletim de Ocorrência), mas é a mesma coisa que nada", afirma. Ela diz estar arrependida de ter investido dinheiro em Pinhais. "Se tivesse a chance de vender, sumiria daqui. A gente até perde a vontade de trabalhar. Realmente está muito complicado. Todos estão indignados. Talvez os ladrões estejam perto da gente e nem sabemos".

O empresário Ademir Ramos, que tem uma loja de roupas na mesma avenida, sofreu vários assaltos e roubos, o último no final de semana passado. O prejuízo é de R$ 20 mil, pois os criminosos levaram a maioria das peças que estavam no estabelecimento. "Eles limparam tudo. Depois jogaram as peças que não interessavam em terrenos baldios aqui perto. Ficaram apenas com as de grife. Chamei a polícia, mas disseram que nada podiam fazer. Ao tentar abrir a porta, eles se machucaram. Aqui tem as impressões digitais marcadas com sangue e ninguém fez nada. É muito difícil ter alguém no módulo policial", conta. Ramos pretende mudar sua loja de local. "Há dois anos estamos trabalhando e viajando para montar uma estrutura e fica acontecendo isso", analisa.

César Augusto Ferreira de Souza, proprietário de uma farmácia na região, já perdeu a conta de quantas vezes foi assaltado. O prejuízo dele não é alto pelo fato de pouco dinheiro circular no estabelecimento. Entretanto, ele teme por sua vida e de seus funcionários. "Você fica com uma sensação esquisita porque está trabalhando, vem alguém aqui com uma arma e você corre risco de vida. Estamos totalmente sem segurança. O secretário de Segurança Pública tem segurança, mas nós, não. Os assaltos são constantes. Está demais. Isso aqui virou terra de ninguém", opina. César já pensou em fechar a sua farmácia. Ele diz ficar mais indignado ainda porque a maioria dos assaltos são feitos por menores armados. "Em nenhum assalto parou um carro em frente da farmácia. São moleques com bicicleta e até mesmo fogem a pé. Isso deixa a gente indignado".

A fiscal de caixa de um dos supermercados da Avenida Iraí, Gislaine Machado, acredita que a única alternativa é correr o risco e conviver com o medo. De acordo com ela, os delitos acontecem na rua inteira, durante o dia, para quem quiser ver.

Cidade está relativamente tranqüila, diz delegado

O major Sérgio Vandrameto, comandante do 17.º Batalhão da Polícia Militar (PM), que atende a RMC, informa que o policiamento na região é feito por motocicletas e viaturas. Como é grande o número de ocorrências, os policiais precisam deixar o módulo policial que fica na Avenida Iraí. "Fica um determinado tempo, sai para atender a ocorrência e depois retorna", explica ao ser questionado sobre a não permanência de policiais no módulo.

Vandrameto conta que ontem, no começo da manhã, uma operação foi realizada na região com a ajuda de unidades do policiamento da capital, totalizando 70 homens (ler mais na página 10).

O delegado Gerson Machado, da Delegacia de Pinhais, comunicou que a Polícia Civil e a PM estão fazendo o que podem, mas esbarram no pequeno efetivo existente para atender uma cidade de 130 mil habitantes. "Estamos fazendo o possível e nos dedicando ao máximo. Este ano tivemos prisões relacionadas a vários tipos de crime e estamos com a delegacia lotada. A população também deve colaborar, passando informações e denunciando. Muitas vezes as pessoas sabem quem foi, mas não querem dizer. Todos devem se ajudar", avalia. "Pinhais, em relação a outras cidades, está relativamente tranqüila, mas lógico que não dá para dizer que não acontece nada. Aqui, todas as denúncias são atendidas na hora. Apesar do esforço, esbarramos no número do efetivo", comenta. (JC) 

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo