Comerciantes esperam que cesse |
Com a liberação da pesca no litoral do Paraná – feita através de uma instrução normativa na quinta-feira – a comercialização de peixes e frutos do mar deve voltar ao normal nos próximos dias. Pelo menos é o que esperam os pescadores do litoral e os comerciantes de Curitiba. Mesmo os que não se abasteciam de produtos vindos do Paraná, sentiram uma queda nas vendas em torno de 30% e a insegurança do consumidor na hora da compra.
A comerciante Rafaela Peres Dias, que mantém há oito anos uma banca de peixes durante os finais de semana no bairro Mercês na capital, comenta que com a proibição da pesca, feita no dia 16 de novembro, as vendas retraíram. Segundo ela, a grande maioria dos produtos comercializados na banca vem de Santa Catarina, mas nem essa explicação foi suficiente para convencer os clientes. "Eles achavam que era de Paranaguá e não compravam", disse. Ontem, no primeiro dia depois da liberação da pesca, Rafaela garante que já começou a sentir uma leve diferença nas vendas.
A mesma impressão teve o comerciante Edemir Peres, que vende os produtos na Praça Generoso Marques, no centro. "Hoje (ontem) comecei a sentir uma melhora nas vendas", falou. Ele também disse que 90% dos produtos que vende vem de outros estados, mas que os clientes levavam os peixes desconfiados. O vizinho da banca de Edemir, o comerciante Fábio Marques dos Santos, colocou produtos em oferta para impulsionar as vendas, que caíram 30%. Ele acredita que somente depois que a população tiver certeza da qualidade dos peixes é que voltará a consumir normalmente.
Desconfiança
No Mercado Municipal, um dos locais mais tradicionais da venda de peixes e frutos do mar em Curitiba, os comerciantes garantem que não tiveram queda nas vendas. Porém, a desconfiança do consumidor foi nítida. "Antes de perguntar sobre a variedade de peixes ou o preço, eles queriam saber se era ou não do Paraná", revelou Rodrigo Romano, da Peixaria São José. Romano também afirma que a maioria dos produtos vendidos no mercado público vem de Santa Catarina e que ele comprava apenas ostras do Paraná para atender alguma encomenda.
O comerciante Eduardo Matoso Sodré, da Peixaria Santa Clara, falou que a desconfiança do consumidor foi tão grande que um cliente comprou peixe um dia antes do acidente em Paranaguá -a explosão do navio chileno Vicuña provocou o derramamento de milhões de litros de óleo na baía – e depois reclamou que o produto estava com gosto de óleo.
Preços
No litoral os pescadores ainda não conseguiram sentir melhora nas vendas. Quem garante é o presidente da Federação das Colônias de Pescadores do Litoral do Paraná, Edemir Manoel Ferreira. "A venda ainda é pouca e o pessoal está preocupado", afirmou. Para tentar fazer girar os produtos, os pescadores reduziram os preços de algumas espécies. O peixe Parati, por exemplo, caiu de R$ 4 para R$ 2 o quilo.
O presidente da federação entende que a divulgação, logo após ao acidente, de que os peixes poderiam estar contaminados foi muito prejudicial para a categoria. "Os órgãos ambientais estão fazendo análises em diferentes pontos do litoral e estão constatando que não tem contaminação", garantiu. A partir de agora, diz Ferreira, é preciso ampliar essas informações.