'Chuveirinho'

Comércio cria sistema que afasta moradores de rua

A sujeira deixada por andarilhos e moradores de rua, nas proximidades do Terminal do Guadalupe, no centro de Curitiba, tem atrapalhado o movimento de alguns comércios da região. Os pertences abandonados, os restos de comida e – especialmente – o mau cheiro prejudicam a imagem do estabelecimento e assustam os clientes.

A proprietária de um dos estabelecimentos situados na Rua André de Barros, conta que a sujeira é apenas parte do problema. “Eles ficam abordando os nossos clientes e os pedestres ou entram no meio dos carros para pedir dinheiro. Tem vezes em que brigam entre eles e nós temos que chamar a polícia ou a Guarda Municipal para dar um jeito”, contou.

Buscando solucionar esse problema, os administradores de um estacionamento na Rua Conselheiro Laurindo, no Centro, instalaram um sistema que jorra água em toda a extensão do muro da fachada da empresa. Segundo Emerson da Silva, gerente do estabelecimento, o engenho foi criado apenas por uma questão higiênica. “A nossa ideia não era de molhar ou expulsar os moradores de rua, mas limpar a sujeira que eles deixam quando saem”, esclareceu.

Estacionamento criou um sistema que jorra água em toda a extensão do muro da fachada da empresa. (Foto: Colaboração/Celio Borba)

Emerson afirma que o sistema é acionado apenas uma vez ao dia e não o deixam ligado por mais do que 10 minutos. Além disso, “sempre que pretendemos ligar, avisamos quem estiver ali embaixo de que vai cair água”, explicou.

“Quando o pessoal do estacionamento avisa que vai soltar a água, eles vão embora, provavelmente para a [Rua] André de Barros ou para o [Terminal do] Guadalupe”, conta Luis, proprietário de uma loja próxima ao estacionamento. Ele diz que apesar de o “chuveirinho” acabar limitando a movimentação dos pedestres e de formar poças na calçada, tem ajudado a amenizar os odores e a escoar a sujeira deixada no local.

Sistema é acionado apenas uma vez ao dia, e não o deixam ligado por mais do que 10 minutos. (Foto: Fellipe Gaio)

Vendedora de uma loja de móveis, Célia Joaquim diz que passa pelo local todos os dias. Segundo ela, o número de moradores de rua, “principalmente os mais problemáticos, que ficavam ali sentados usando drogas” diminuiu com o sistema usado pelo estacionamento. “Hoje, o pessoal tem que desviar da água. Antes, tinha que desviar do pessoal que ficava deitado no chão ou da sujeira que eles faziam ao redor”, desabafou, antes de sugerir que “daqui a um tempo, não é de se duvidar que a quadra inteira vai estar usando o ‘chuveirinho’”.

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