A estiagem que ameaça o abastecimento de Curitiba e Região Metropolitana também deixa apreensivo quem depende da água para trabalhar. O pedido da Sanepar para a população diminuir o consumo em 20% surtiu poucos efeitos, já que até agora apenas 6% da água foi economizada. De um lado, comerciantes afirmam que restringir o uso é prejuízo na certa; de outro, se a água faltar, deve faltar trabalho também nos setores que dependem dela. Enquanto isso, o nível da água nas represas e a vazão dos rios que abastecem a capital e região é cada vez menor, sem possibilidade de reposição até que haja chuvas significativas.
Na iminência de um rodízio, Curitiba e Região Metropolitana se preparam para a possibilidade de ficar sem água durante 24 horas, no mínimo, uma vez por semana. Para o comércio, a possibilidade assusta. ?É prejuízo na certa, porque atrasa as encomendas e ainda faz com que a gente fique com mão-de-obra parada?, explica a dona da lavanderia Lava Secco, Jucinara Dias. Apesar do nome da loja, são as lavagens que utilizam água as responsáveis por 80% da roupa que o estabelecimento lava diariamente. ?Em casa economizo (água), mas no trabalho não tem como, porque dependemos disso.? Na lavanderia, o consumo de água diário é estimado em cinco mil litros e, segundo Jacira, o anúncio do racionamento não fez o movimento cair. Uma das principais encomendas, cita, são justamente os cobertores e edredons -os quais a Sanepar pediu à população para adiar a lavagem. ?Lavamos uma média de cinco por dia?, diz a proprietária.
Nos lava-car, a falta de chuva também atrapalha. Mesmo os abastecidos por poços sofrem as conseqüências da seca. É o caso do Lavare, administrado por Sebastião Lemos. ?A água do poço está cinco metros abaixo do normal. Se não chover bem no prazo de um mês e meio a dois, vai assustar?, afirma, uma vez que o comerciante não tem de onde tirar seu instrumento de trabalho – no estabelecimento dele, não há água encanada. ?Fico preocupado com a notícia de que vai chover pouco. Se isso acontecer mesmo, vai complicar meu trabalho.?
Mas se na lavagem dos carros não tem como economizar, a esposa de Lemos, Clarisse Roeder, afirma que, em casa, pelo menos, a família está se esforçando. ?Roupas lavo no máximo duas vezes por semana e tudo de uma vez. Estou regando menos as plantas e a louça só é lavada uma vez por dia?, conta. Para ela, apesar dos setores que dependem da água para trabalhar, a grande vilã no consumo é a dona de casa. ?É quem mais desperdiça. Muitas não abrem mão da limpeza, nem sob ameaça de faltar água; pensam que não precisam economizar, achando que os outros já estão gastando menos no lugar delas.? No lava-car administrado por eles, o movimento caiu quase 70%.
Fontes
Para ajudar a economizar água, a Prefeitura de Curitiba suspenderá momentaneamente a troca de água feita nas 45 fontes públicas espalhadas em praças, parques e outros espaços da cidade. Apesar de o funcionamento não envolver gasto excessivo e nem desperdício, por ser em sistema de reuso, a água das fontes é substituída a cada trinta dias. Assim que as chuvas voltarem ao normal, a troca voltará a ser feita regularmente.