Comerciantes flagrados por operação caça-níquel

O Instituto de Criminalística do Paraná, em parceria com as policias Civil e Militar, iniciou ontem em todo Estado, a pedido do Grupo Nacional de Combate ao Crime Organizado, uma operação de apreensão de máquinas caça-níquel que pegou muitos comerciantes de surpresa. Em Curitiba, durante a manhã, em uma hora e meia de blitz e em seis estabelecimentos comerciais, foram lacradas cinquenta máquinas. No decorrer do dia, cerca de vinte estabelecimentos foram visitados e dez proprietários foram autuados.

Segundo o promotor de investigação criminal, Luiz Fernando Delazari, a operação caça-níquel é uma iniciativa nacional de todo o Ministério Público. No Paraná, os trabalhos devem prosseguir até o final do próximo mês. “Nossa intenção é retirar todas as máquinas caça-níquel em funcionamento no Estado. Trabalharemos arduamente para isto”, afirma.

A utilização de caça-níqueis é tida como contravenção penal. As máquinas encontradas são lacradas. Os responsáveis, se retirarem o lacre, podem ser detidos. “Quem utiliza as máquinas é enganado, pois elas podem ser facilmente manipuladas”, comenta Luiz Fernando. “Na maioria das vezes, 60% do dinheiro fica para o dono do aparelho, 30% para o dono do estabelecimento comercial onde elas ficam expostas e apenas 10% para os jogadores.”

Além de contribuir para que pessoas mais suscetíveis se viciem em jogos de azar, pois muitas vezes as máquinas são colocadas em lanchonetes, perto de escolas e locais onde as pessoas estão alcoolizadas, o promotor acredita que as grandes empresas responsáveis por caça-níqueis tenham envolvimento com organizações internacionais de lavagem de dinheiro, que funcionam principalmente na Espanha, Itália e Coréia.

Anualmente, as máquinas de caça-níquel movimentam entre R$ 30 milhões e R$ 40 milhões no Paraná. No Estado de São Paulo, chegam a movimentar R$ 100 milhões.

Comerciantes

Muitos comerciantes se mostraram surpresos e assustados ao ver a polícia entrando em seus estabelecimentos para lacrar as máquinas. Todos foram autuados. A maioria dizia não saber que a utilização de caça-níqueis é proibida. É o caso da proprietária de uma lotérica, Normi Biancho, e do responsável por uma casa de lanches, Huang Chao, que não quis falar com a imprensa. No estabelecimento dele, um rapaz, que estava tirando o dinheiro das máquinas e foi identificado como funcionário da empresa responsável pelos caça-níqueis, foi detido pela polícia.

As duas máquinas presentes no estabelecimento de Normi tinham um selo, colocado pela empresa responsável, dizendo que o uso dos equipamentos estava regularizado. De acordo com a polícia, o selo não tem validade. “O selo veio com as máquinas e acho que a empresa responsável por elas é que deve responder pela irregularidade. Eu apenas deixo os equipamentos na lotérica para uso de pessoas das redondezas.”

Mais ousados, outros comerciantes admitiam saber que as máquinas eram irregulares e ainda protestavam contra os lacres colocados. “Os clientes de meu estabelecimento gostam bastante das máquinas. Acho até que o movimento pode cair se elas não estiverem em funcionamento”, afirma Vicente Trianoski, proprietário de uma lanchonete.

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