Os comerciantes de Matinhos estão vivendo o que se pode chamar popularmente de uma “faca de dois gumes”. Se por um lado eles comemoram o excelente movimento, por outro estão apreensivos quanto à falta de alguns produtos, principalmente bebidas.
O proprietário do bar Saloon, tradicional ponto localizado no centro de Matinhos, que durante a temporada atende uma média de três mil pessoas por dia, Joaquim de Miranda, revela que graças ao bom tempo e ao calor, o consumo de bebidas, em especial de cerveja, fez com que a demanda aumentasse bastante.
Porém, esse crescimento gerado involuntariamente resultou nessa “crise”. “Os fabricantes ficaram surpresos com esse crescimento e não estavam preparados para isso. Se o bom tempo persistir, a tendência é a de que as vendas continuem em alta e os produtos venham a ficar mais escassos. Já nos foi dito que as distribuidoras podem limitar as vendas. É uma situação complicada, pois a gente vive disso e não sabemos qual critério será utilizado para isso. Em mais de 30 anos que tenho esse comércio, é a primeira vez que enfrento um problema como esse”, lamenta. Apesar do contratempo, o comerciante está satisfeito com esse início de verão. “Mesmo a temporada sendo mais curta, a tendência é que o movimento seja bem intenso. Exceto por esse probleminha com as bebidas, acredito que esse verão será melhor que o anterior”, afirma.
O gerente do restaurante Casa do Camarão, localizado no balneário de Caiobá, Vagno Santana, também compartilha da mesma opinião de Miranda e revela que o local em que trabalha passa pela mesma situação.
“É complicado você não ter um produto que o cliente escolheu. A saída é oferecer outro similar. Não é o ideal, mas é o que pode ser feito no momento. Acho que o fabricante e as distribuidoras não acreditaram que o movimento seria forte por aqui. Faltou um melhor planejamento”, opina.
O dono de uma loja de roupas e artigos para praia, Jorge Khodr, morador da cidade há 50 anos, comemora as boas vendas, mas revela que também não esperava uma temporada excelente.
“Às vezes falta alguma mercadoria que o cliente pede, em particular materiais para praia. Porém, só tenho a comemorar essa alta procura. Estou sempre fazendo pedidos para repor o estoque”, afirma.
Ambulantes
A temporada não está sendo boa apenas para quem tem bares, lojas e restaurantes. Os vendedores ambulantes também comemoram os lucros obtidos com a temporada. O vendedor de bebidas Murilo de Ramos vibra com o movimento.
“Valeu a pena esperar pela temporada. Vendo em média mais de 50 bebidas por dia. O verão está bem melhor que o ano passado e está dando para tirar um bom dinheiro”, garante.
A proprietária de uma barraca que vende água de coco, milho verde e bebidas em geral, Elenita Jacques Correa, é só sorriso com a procura dos veranistas pelos seus produtos.
“O ano começou muito bem. Fazia algum tempo que a gente não tinha um movimento tão intenso. Acredito que a estrutura na cidade trouxe mais gente para cá. A temporada, ainda que seja mais curta, promete ser muito boa”, celebra.
Gramado em lugar da areia
O veranista que está em Matinhos vem encontrado uma dificuldade inusitada. Quem procura um espaço na areia da faixa que começa no pico de Matinhos até um pouco depois da colônia de férias do Serviço Social do Comércio (Sesc), no período da tarde, simplesmente não acha, principalmente quando a maré está cheia.
As estudantes Gabriela Silva e Carla Fontana, ambas de 21 anos, foram para a praia no período da tarde com a intenção de poder tomar banho de sol na areia, em frente ao Sesc. Todavia, tiveram que improvisar e ficar na grama mesmo.
“Não achamos legal ter que ficar aqui nesse espaço. Gostaríamos de estar na areia, mas como não tem praia, tivemos que improvisar e ficar por aqui”, conta Silva.
Fontana diz que, pelo fato de estar tomando sol no gramado, a sensação que dá &eacut,e; a de que não está na praia. “Parece mais que estou em uma fazenda tomando sol e não em uma praia”, brinca.