Os cerca de setecentos alunos do curso de Direito do Centro Universitário Campos de Andrade (Uniandrade), de Curitiba, iniciaram ontem o ano letivo. Depois de uma batalha judicial entre a instituição e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que durou quase três meses, os alunos finalmente puderam começar o curso. Neste primeiro semestre os alunos terão aulas até fevereiro, quando será possível recuperar os duzentos dias de aula que eles perderam.
Para o acadêmico Régis Passos de Souza, começar o curso de Direito é a realização de um sonho. Ele prestou vários vestibulares, inclusive no interior de São Paulo, mas não se conformava com o fato de poder perder a vaga em Curitiba. Para Régis todo esse processo judicial provocado pela OAB estaria mascarando interesses políticos. “Não adianta eles quererem se defender dizendo que fizeram isso para defender o mercado. A seleção dos bons profissionais vai acontecer de forma natural, basta ver hoje quando 70% dos alunos não passam no exame da Ordem”, disse o acadêmico.
A mesma opinião tem Giovani Carvalho, que já havia prestado quatro vestibulares para Direito. Para o acadêmico, a ação da OAB tinha a intenção de defender o interesse de outras instituições de ensino que também oferecem o curso. “Como o Uniandrade oferece uma excelente estrutura vai acabar atraindo alunos de outras instituições para cá, e é isso que eles não querem”, afirmou.
A preocupação com o número de vagas ofertados pelo centro universitário não seria motivo suficiente para a Ordem dos Advogados tentar impedir o ingresso dos alunos, avalia a acadêmica de Direito, Celine Beraldo. Ela conta que estava desanimada com a situação, e que ficou surpresa com a notícia do início das aulas. Celine, que é psicopedagoga, resolveu fazer Direito por achar que é uma profissão que abre um leque de opções para outros campos de atuação. Surpresa também ficou Jaqueline Cervantes, que pensou que não entraria na faculdade esse ano. “Estou super-feliz, pois esse foi meu segundo vestibular e acho que fiz a escolha certa”, afirma.
Briga
O coordenador do curso de Direito, Noel Samways, garantiu que as aulas seguirão normalmente até que sejam recuperados os duzentos dias do ano letivo que os acadêmicos perderam enquanto a instituição brigava na Justiça pela garantia das vagas. Segundo ele, o processo judicial terá segmento, mas isso não irá interferir nas aulas.
Na semana passada, o Uniandrade conseguiu uma liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que revogou a suspensão da matrícula dos aprovados, que havia sido conquistada através de uma ação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O relator do processo no STJ, ministro José Delgado, concedeu uma liminar ao centro universitário para que a instituição desse seqüência ao processo seletivo e de matrícula. Ainda será analisada se a OAB tem legitimidade para promover a ação, que tentar vetar a criação do curso de Direito e impedir o aumento de vagas.