Combate à diabetes ganha novos aliados

A experiência de vida da curitibana Priscila Caran Deconto, de 25 anos, poderia muito bem estar em um livro de medicina. Desde os oito anos de idade ela faz tratamentos para diabetes tipo 1. Durante 17 anos de sua vida, utilizou vários procedimentos criados para pessoas com problemas de produção de insulina, hormônio responsável pela diminuição do nível de glicose (açúcar) no sangue. Hoje, justamente no Dia Mundial de Combate à Diabetes, a medicina pode afirmar que o combate e controle dessa doença evoluíram significativamente.

O endocrinologista Mauro Scharf, do Laboratório Frischmann Aisengart/Dasa, confirma que a vida do diabético tem melhorado muito nos últimos anos. “Antigamente era preciso ferver seringas, utilizar agulhas grossas que não eram descartáveis, dentre outros métodos doloridos e demorados para identificar a falta de insulina”, conta. Agora, diabéticos contam com microagulhas, canetas aplicadoras, tipos específicos de insulina e até mesmo um pâncreas artificial.

Também chamado de bomba de insulina, o pâncreas artificial, que funciona através de um sensor subcutâneo, permite a medição e a injeção automática de insulina de forma programada, conforme explica Scharf. “Esse mecanismo acaba fazendo o trabalho do órgão. Claro que assim mesmo o paciente precisa se monitorizar, mas o sistema automático já ajuda muito”, frisa.

O aparelho citado por Scharf é utilizado por Priscila há quatro anos. “Tenho muito mais liberdade, uma vez que a bomba evita aquelas aplicações diárias. Faço isso através de um cateter, por onde passa a quantidade de insulina que preciso no momento”, conta. Assim mesmo, ela afirma que é preciso se cuidar. “Não posso comer balas ou chocolates em excesso. Mas a dieta por contagem de carboidrato permite que, por exemplo, eu coma menos arroz no almoço para comer um chocolate mais tarde”, explica.

Um dos problemas da bomba de Insulina ainda é o preço. Segundo Scharf, o valor pode variar de R$ 6 a R$ 12 mil, dependendo da característica do aparelho. “Podemos comparar esse sistema com um carro. Quanto mais opcionais mais caro fica”, compara.

Diagnóstico

O especialista conta que certos sintomas podem identificar a diabetes tipo 1. “A sede excessiva, excesso de urina e grande perda de peso podem identificar um caso de diabetes”, diz. Segundo ele, aqueles que começam a levar garrafa de água para dormir e acordam a cada instante para urinar precisam ficar atentos. “Esse sistema recorre na perda de peso. É o tripé da diabetes”, ressalta. Além do tipo 1, que atinge jovens como Priscila, é preciso ter cuidado com a diabetes tipo 2. “O segundo tipo atinge mais idosos, obesos e pessoas sedentárias. Nesse caso, ao contrário da outra diabetes, o diagnóstico pode levar anos para ser percebido”, ressalta. A cada dez pacientes com a doença, um tem a do tipo 1 e nove a do tipo 2. A diabetes pode causar cegueira, amputação de membros e problemas renais.

Metade dos diabéticos não sabe que tem a doença

Pesquisa realizada pelo Laboratório Frischmann Aisengart/Dasa apontou que a cada 10 diabéticos que circulam nas ruas, cinco não sabem que são diabéticos. “Esse resultado é preocupante, pois infelizmente essas pessoas que sabem da doença e mesmo assim não se cuidam vão descobrir através de uma complicação proveniente da doença, tal como problema nos rins ou na visão”, diz o endocrinologista Mauro Scharf. O estudo envolveu exames de 25.651 pessoas da grande Curitiba realizados pelo laboratório entre novembro de 2009 e novembro de 2010.

Para Rafael Apocalypse, diabético há dez anos, as dificuldades em manter atualizadas as informações sobre a medição momentânea de glicose e quantidade de insulina injetada por di,a, necessárias para avaliação médica durante tratamento, fizeram com que o empresário e designer criasse o site www.glicemiasonline.com.br. “Durante muito tempo tentei acompanhar o andamento desses números através de planilhas no computador de casa. Porém, não conseguia atualizar enquanto estava no trabalho”, disse.

A partir dessa dificuldade, Apocalypse desenvolveu o site, em funcionamento desde agosto desse ano. “Como não conseguia atualizar momentaneamente as informações, criei o site. Assim mesmo sentia dificuldades, pois nem sempre estamos perto de um lugar com internet”, disse.

A partir desse novo problema, ele criou uma solução que literalmente revolucionou o site. “Para eliminar os problemas criei um aplicativo de SMS (mensagem de texto por celular). A partir disso, o usuário cadastrado pode enviar a mensagem com as informações importantes”, explica.

O sistema faz anotação e atualização automática dentro do perfil do diabético. “Com as informações em dia, é possível acompanhar gráficos e estatísticas que podem, inclusive, propiciar relatórios completos aos médicos”, diz. O próprio criador verificou uma melhora significativa após a criação do site. O site já conta com 800 pessoas cadastradas. “O melhor de tudo isso é que o site é de graça”, brinca.