Tecnologia

Com testes no Paraná, pedágio sem cancelas expande no Brasil

Sistema que identifica o carro para cobrança de pedágio sem cancelas. Foto: velsis / Divulgação

A concessionária Via Araucária iniciou testes do sistema free flow na BR-277, em São Luiz do Purunã, região dos Campos Gerais do Paraná. O pórtico de passagem está localizado no quilômetro 138 da rodovia e está sendo colocado à prova pela concessionária em conjunto com a Velsis, empresa curitibana responsável pela tecnologia que permite a cobrança da tarifa sem a necessidade de uma praça de pedágio — por se tratar de um período de testes, os usuários seguem pagando a tarifa normalmente no ponto de cobrança com cancela.

Esse modelo funciona por meio da implementação de equipamentos de scanners 3D instalados sobre ou ao lado da rodovia, que são capazes de identificar o veículo. A detecção de cada veículo é feita por meio de uma identificação por radiofrequência (RFID) que lê as tags instaladas nos veículos e por câmeras com reconhecimento óptico de caracteres (OCR) que leem as placas.

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Essa é a primeira vez que o sistema está sendo testado em uma rodovia no Paraná. Ele, inclusive, não estava previsto no leilão que foi vencido pela Via Araucária em agosto de 2023. “Embora não faça parte da nossa obrigação contratual, entendemos que esse tipo de parceria fomenta o desenvolvimento da indústria local para inovações”, afirmou o diretor-presidente da Via Araucária, Sergio Santillán.

A fluidez do tráfego é apontada como a principal vantagem do pedágio sem cancelas, evitando filas de veículos, especialmente em períodos com mais movimento. Além disso, do ponto de vista da concessionária, significa uma redução de custos com as praças de pedágio.

Segundo o presidente da Velsis, Guilherme Araújo, o free flow representa uma quebra de paradigma, “solucionando gargalos logísticos no país e, ao mesmo tempo, reduzindo custos no transporte de cargas”. Ele destaca ainda a questão ambiental. “Isso porque a redução do tempo de deslocamento e de ações de frenagem e de aceleração reduz a emissão de gases poluentes.”

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Há desafios também, como a garantia da correta classificação e identificação dos veículos, que podem passar em qualquer parte da pista, já que no caso do free flow não existe uma separação física entre as faixas como acontece em uma praça de pedágio. Sem contar a conscientização do usuário, que precisa entrar no site ou aplicativo da concessionária para fazer o pagamento posterior — os motoristas com tags pagam no próprio sistema da fornecedora do serviço.

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O sistema free flow é consagrado em mais de 20 países, como Estados Unidos, Itália, Noruega, Portugal, Suíça, China e Chile. No Brasil, o free flow começou a funcionar em março de 2023 na rodovia Rio-Santos (BR-101) dentro do sandbox regulatório da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) em parceria com a CCR Rio SP. Hoje, a concessionária opera três pórticos, em Paraty, Mangaratiba e Itaguaí.

De acordo com dados da ANTT, a operação do sistema na Rio-Santos apresenta uma média de 99,53% de leitura de tags e 99,12% de leitura de placas — os dados são referentes ao período entre março de 2023 e setembro de 2024. Além disso, os usuários demonstram estar mais acostumados com a tecnologia desde a implantação: a média de dias para realizar o pagamento caiu de 54 em março do ano passado para seis em outubro deste ano.

Seguindo a CCR Rio SP, outras concessionárias iniciaram em 2024 a operar o free flow em alguns trechos de rodovias em São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Hoje, as seguintes rodovias usam o sistema:

  • Rio-Santos (BR-101) – CCR Rio SP
  • ERS-122 – Caminhos da Serra Gaúcha (CSG)
  • ERS-446 – Caminhos da Serra Gaúcha (CSG)
  • ERS-240 – Caminhos da Serra Gaúcha (CSG)
  • SP-333 – EcoNoroeste
  • MG-459 – EPR Sul de Minas
  • Contorno Sul da Rodovia Tamoios (SP-099)
  • Para 2025 e 2026, estão previstas novas implantações de pórticos de passagem, incluindo a Via Dutra (BR-116), pela própria CCR Rio SP, e as rodovias Washington Luís (SP-310) e Brigadeiro Faria Lima (SP-236), ambas de responsabilidade da EcoNoroeste.

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