Ilhados dentro de um veículo. Essa sensação é cada vez mais comum nos motoristas que dirigem em Curitiba, mas virou regra em alguns trechos da cidade, onde a explosão da frota não é o único motivo para o congestionamento. A Tribuna percorreu três pontos críticos da região Sul da cidade e, em comum, todos apresentaram problemas na sinalização horizontal ou vertical.
Na Linha Verde Sul é tão alarmante o descaso com a sinalização que, mesmo para as obras, o trecho da trincheira da Rua Engenheiro João Bley Filho com a Avenida Winston Churchill não recebeu o material indicativo capaz de orientar motoristas e pedestres que cruzam a região. Prova disso, que a solução para o caos veio de uma forma improvisada. Uma tradicional churrascaria resolveu bancar a confecção e a instalação das placas para organizar o trânsito no local. “No primeiro dia de obras nós ficamos ilhados, já que trancaram todos aos acessos. Depois que isso se resolveu, nosso movimento continuou muito abaixo do normal, porque os clientes se perdiam ao tentar chegar aqui, aí o jeito foi fazer as placas que acabam ajudando todo mundo a dirigir por aqui”, conta o diretor de marketing da Churrascaria Gaúcha, Roque Pasetti. Mesmo com esse investimento, Pasetti reconhece que a média de 130 almoços servidos vai demorar a ser restabelecida. “Estamos servindo de 50 a 60 almoços, até o final das obras acho que vai ser muito difícil recuperar todo o movimento porque o transtorno é grande”, prevê.
Mesmo quem não tem comércio ou não está dentro de um veículo sofre com o descaso. Os pedestres caminham rente a caminhões e carros na rodovia, já que o alargamento da pista não conta com qualquer estrutura para a passagem. Segundo o cronograma da Prefeitura de Curitiba, a conclusão das obras está prevista para março deste ano.
A conclusão da obra, no entanto, parece não acabar com a insatisfação de quem trabalha na região. “O trânsito vai continuar não andando. Perco mais de 20 minutos nos últimos mil metros do caminho para o trabalho e pelo rumo que as coisas tomaram não vejo solução”, diz o mecânico Antônio Luiz Chaves. “Foi tão mal feito que uma das placas da prefeitura proíbe dobrar, mas a conversão dá para a parede do viaduto. Quem vai virar lá?”, questiona o comerciante Idair de Oliveira.
Finalizando
Em nota enviada à Tribuna, a Secretaria Municipal de Trânsito (Setran) afirma que “a situação deverá se regularizar a partir do final de março, quando está previsto o término das obras na região”. O órgão público diz que existe sinalização no local, “realizada pela tanto prefeitura e pela quanto empresa responsável pela obra”.
Segundo a secretaria, a sinalização colocada pela churrascaria é um reforço e não é improvisada, mas “colocada com a permissão da Setran, a pedido dos moradores e comerciantes, que seguiram os padrões e especificações das placas determinados pela secretaria”.
Canteiro central vira alvo
Suellen Lima |
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Na Rua Saint Hilare, no Água Verde, pintura das faixas desapareceu. |
A pintura das três faixas da Rua Saint Hilare, no bairro Água Verde, simplesmente deixou de existir. Isso, somado à difícil visualização da sinalização vertical que orienta para onde cada faixa permite seguir, acabou transformando o canteiro central da Avenida Silva Jardim em alvo dos motoristas da Saint Hilare, sobretudo os que trafegam na faixa errada.
O motoboy Rodrigo Alexandre Pinto, que faz entrega de galões de água, cruza esse trecho cerca de 30 vezes por dia e afirma que a, confusão é generalizada.
“Canso de ver gente na pista da direita seguindo reto e os das outras dobrando onde não pode. Há três meses me derrubaram da moto por conta disso. É a dobradinha fatal, imprudência e uma sinalização completamente apagada. Está horrível circular por aqui”, aponta.
Promessa
Suellen Lima |
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Sem orientação, carros vão parar no canteiro central da Silva Jardim. |
Em nota enviada à Tribuna, a Secretaria de Trânsito diz que “haverá reforço da sinalização no local”, sem prever uma data para a solução do problema.
Semáforos da discórdia
Suellen Lima |
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Na CIC, semáforos da Juscelino com a João Bettega não têm sincronia. |
Outro ponto em que a fluidez do trânsito passa ao largo por conta da negligência com a sinalização é o trecho onde estão os dois pares de semáforos da Avenida Juscelino Kubitschek, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). O gargalo criado pela falta de sincronia dos quatro semáforos contribui para as longas filas que se formam principalmente para quem vem da João Bettega.
O borracheiro Celso Vicente de Lima Penter diz que há um ano enfrenta essa confusão toda para ir trabalhar. “Venho de Araucária e quando chego o trânsito trava. Para andar quilômetros perco 20 minutos”.
Na avaliação do borracheiro, um caminho para diminuir o congestionamento e os acidentes seria sincronizar os semáforos. “Ficaria mais ágil e haveria menos infração, pois tem vezes que o motorista fica preso nos quatro sinais, por isso que vira e mexe tem alguém fazendo trapalhada”.
Na nota enviada à Redação, a Setran promete enviar uma equipe até o local para verificar a sincronização dos semáforos.