Cada vez mais são recorrentes acidentes envolvendo ciclistas e automóveis. Mesmo após Curitiba ter avançado em políticas públicas visando a bicicleta como alternativa de transporte, em menos de dois meses a cidade registrou a morte de nove ciclistas. Foi o caso do artista plástico Alessandro Rüppel Silveira, o Magoo, e o da advogada Mari Kakawa. Assim como Eberson Carvalho, Ezequiel de Oliveira e tantos outros.
O Paraná Online esteve nos locais em que aconteceram acidentes pra conferir que medidas foram tomadas. Ao percorrer a Rua Brasilino Moura, que faz a ligação entre as ruas Mateus Leme e Alberto Folloni, é possível perceber o risco que corre quem tenta atravessar a via.
Ao longo da rua já havia sido instalada uma lombada eletrônica, no mesmo ponto em que um caminhão tirou a vida de Magoo. Também foi instalada uma rotatória pra conter o fluxo pouco antes da rua cruzar com uma ciclovia. Mesmo assim, o ponto ainda tem registrado acidentes envolvendo ciclistas e pedestres.
Quem passa frequentemente pelo local já sabe que não pode se arriscar, pois os veículos que seguem pra Mateus Leme descem em alta velocidade. “A sinalização é confusa. Antes da rotatória existe um aviso de ‘pare’, mas ao se aproximar da faixa vermelha não há nada que indique ao motorista que ele deva parar”, diz o servidor público André Luiz Yoshioka.
Já na Avenida Comendador Franco, na alça de acesso à Linha Verde, a situação também apresenta grande risco. Na ciclovia ainda é possível ver a homenagem feita a Mari Kakawa, que foi arremessada mais de dez metros da faixa onde atravessava até o meio da rua. A imprudência de motoristas que surgem em alta velocidade e viram à direita sem sinalizar é constante.
Pedalando na cidade
Após sofrer dois acidentes, o ciclista Alexandre Merlin conta que ainda assim mantém paixão pela bicicleta. Acostumados a pedalar uma média de 60 quilômetros em meio ao trânsito da capital, o entregador da Curitiba Messenger conta o risco que vive quem pedala nas ruas da cidade. “Um dia levei uma fechada de um caminhão na Avenida Manoel Ribas. Após ele me ultrapassar e virar à direita, a caçamba pegou em mim e me ralei na calçada”, lembra.
Carros parados também são outro risco iminente. “É bom se afastar de carros estacionados na rua, pois as pessoas abrem a porta sem ao menos olhar pra ver se está vindo alguém”, diz. O ciclista ainda alerta que é preciso estar sempre atento a algumas regras básicas pra diminuir o risco de exposição. “Sempre que andamos na rua devemos ficar à direita, porém não podemos ficar muito próximo da faixa amarela do acostamento, pois muitos carros tentam passar mesmo que não haja espaço”, aconselha.
Artista plástico Alessandro Rüppel Silveira, o Magoo morreu atropolado. Foto: Felipe Rosa |
Bicicleta na pauta
Quem pedala pela cidade pode perceber ações pra incentivar o uso da bicicleta. Curitiba conta com mais de 180 quilômetros de ciclovias, ciclofaixas, ciclorotas e vias calmas. Além disso, a prefeitura criou a Coordenação de Mobilidade Urban,a, ligada à Secretaria de Trânsito.
De acordo com o assessor da pasta, Jorge Brand, no dia 25 de maio a prefeitura vai divulgar medidas a ser tomadas nos locais dos acidentes no ano passado. “É um choque que ocorre, quando se tenta inserir a bicicleta como opção além do lazer, quando temos um trânsito que tem como marca o comportamento agressivo de motoristas”, diz Goura.
Mas quem pedala também tem seu deveres. “Quando estamos numa bicicleta também temos que respeitar o trânsito. Isso quer dizer, sempre dar preferência aos pedestres, utilizar equipamentos de segurança e respeitar a sinalização sempre utilizando o sentido correto das ruas”, afirma Goura.
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É o seguinte!
Andar de bicicleta virou moda. Ficou mais perigoso. E os ciclistas estão virando estatística. Mesmo com a evolução nos últimos anos, nossa cidade ainda está longe do ideal em termos de estrutura de trânsito, respeito e tolerância entre as partes envolvidas. Motoristas não se dão bem com os adeptos do pedal, o que é uma pena. Investir nas bikes é um bom negócio. Pra cidade, a natureza e a saúde. Que tal cada um fazer a sua parte?