O programa de coleta seletiva do Município de Curitiba, o Lixo Que Não é Lixo – LQNL completa a sua maioridade este mês. Grande parte do sucesso deste processo, está na conscientização e participação da população. Os resíduos coletados neste programa são encaminhados aos recicladores proporcionando economia de recursos naturais, atitude ambientalmente corretos.
Ao contrário de outras cidades brasileiras, os curitibanos não precisam entregar o material nos postos de entrega voluntaria (PEV) mais próximos de suas casas. A coleta é realizada pela Prefeitura, por meio da CAVO Serviços e Meio Ambiente S.A. – empresa especializada em gestão ambiental de resíduos, águas e efluentes, com a circulação do caminhão do Lixo que Não é Lixo.
A coleta de resíduos recicláveis atende todas as regiões da cidade, recolhendo mil toneladas por mês de materiais reciclados separados pela população. Outras 230 toneladas mensais são coletadas pela prefeitura, pelo programa Câmbio Verde, que estimula a troca de materiais recicláveis por produtos hortifrutigranjeiros em bairros da cidade.
Os agentes envolvidos na coleta seletiva são 165 coletores, encarregados de identificar os resíduos que podem ser acondicionados no caminhão, pois muitas vezes a classificação não é feita de forma correta nos domicílios. Segundo a Cavo, o índice de rejeição a materiais que não podem ser reutilizados é de 22%, mas a meta é sempre tentar reduzir este número.
Os principais materiais recicláveis são papéis, vidros, plásticos e metais. Existem outras formas de colaborar, como por exemplo, reutilizando materiais que antes eram jogados no lixo, como garrafas e latas de refrigerante que podem ser pintadas e utilizadas como objetos de decoração.
Benefícios da reciclagem
Mais do que uma disposição, a separação do lixo para reaproveitamento e economia de espaço nos aterros é uma questão de conscientização. Com isso, alguns objetivos importantes são alcançados, diminuição da extração de recursos naturais, contribuição com a limpeza urbana e saúde pública, geração de empregos diretos e indiretos, aumento de recursos que podem ser empregados na área social e mudança de comportamento em relação ao desperdício.
Para cada mil quilogramas de alumínio reciclado, deixa-se de extrair cinco mil quilogramas de minério (bauxita). Para se fazer um quilograma de vidro é preciso 1,3 quilogramas de matéria-prima (sílica, areia, felaspato, barrilha e outros) ou um quilograma de caco de vidro reciclado. Para 60 quilogramas de papel reciclado evita-se que uma árvore seja cortada. E ainda, o plástico sendo reciclado pode se transformar em novos produtos plásticos.
Desde que assumiu o serviço de coleta seletiva e limpeza pública em Curitiba, em julho de 1995, a Cavo coletou cerca de 191.840 toneladas de resíduos recicláveis. Estes resíduos foram encaminhados a indústria de transformação, que sem este programa inevitavelmente seriam encaminhados para o aterro sanitário, sem qualquer tratamento. Para se ter uma idéia da economia de espaço que esta quantia de resíduos representa, seria o mesmo que dizer que este número equivale a 6 meses do lixo domiciliar orgânico de Curitiba e 3 meses de lixo da região metropolitana de Curitiba disposto no aterro. Uma economia que não tem preço para a natureza e para as milhares de famílias que a reciclagem ajuda a sustentar na capital.
Os cidadãos que têm dúvidas sobre o funcionamento do serviço de coleta seletiva em Curitiba ou que queiram saber dias e horários de circulação do caminhão do Lixo que Não é Lixo, podem consultar o telefone da prefeitura, 156, ou acessar o site www.curitiba.pr.gov.br. Ao digitar o endereço, acessar o ícone coleta de lixo, o programa fornece as informações sobre a circulação do caminhão em qualquer bairro da cidade.
Uma prova da regularidade e estabilidade do serviço à população é que apenas este ano, pela primeira vez desde que a coleta seletiva foi implantada, a Cavo, em parceria com a prefeitura de Curitiba e a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, realizou uma modificação no horário da coleta de lixo domiciliar e dos recicláveis. O objetivo foi atender melhor alguns bairros da cidade onde havia demanda mais favorável ao recolhimento dos resíduos em horários alternativos aos tradicionais, de quando o serviço foi lançado
População pode ajudar a evitar acidentes na coleta
Remanescente da primeira equipe do Lixo que Não é Lixo que inaugurou o serviço, em 1989, o encarregado da coleta seletiva, Arlindo da Silva Santana, 56 anos, conta histórias do período em que atou como motorista do caminhão. Ele foi o primeiro colaborador a tocar o sino, principal sinal aos moradores da presença do caminhão nos bairros de Curitiba. ?Lembrar daquela época é como lembrar da primeira namorada. Sinto muitas saudades e fico orgulhoso em ter contribuído de alguma forma para a melhoria da cidade?, comenta.
Experiente, ele orienta a população sobre os cuidados que a separação do lixo exige para não comprometer nenhum dos processos da reciclagem. Dicas simples, como embalar elementos cortantes em garrafas pet ou caixas longa vida para que não ofereçam riscos aos coletores, colocar os resíduos re-aproveitáveis em sacolas diferenciadas das utilizadas para o lixo orgânico e apenas em horários próximos à passagem do caminhão e lavar recipientes para evitar que materiais se percam ou embolorem fazem toda a diferença. Além disso, a limpeza do material reciclável facilita o trabalho dos colaboradores da usina de reciclagem.