Vandalismo, roubo, pichações, agressões e outros delitos não combinam em nada com a escola. Mas a escola, expressão maior do conhecimento e da educação, pode ser palco de tudo isso. Colégios e escolas naturalmente atraem a atenção externa pelo movimento intenso de jovens.
Muitas vezes, o resultado disso são conflitos, atritos e a necessidade de confrontar a missão destes locais. Tudo isto ainda está aliado com a vontade de se firmar perante o grupo, tão comum nesta fase da vida.
Os casos de violência são considerados isolados, mas acontecem. Não existe dia e nem local. A saída está na combinação de alguns fatores, como prevenção, orientação e intervenção nos momentos certos.
O Colégio Estadual Cruzeiro do Sul, no Santa Cândida, em Curitiba, sofreu quatro arrombamentos com furto de objetos em um período de seis dias, no final do mês passado. Mesmo com um policial militar cedido para morar dentro do colégio e alarmes, a ousadia dos transgressores é grande. Dois dos arrombamentos aconteceram num mesmo dia.
“Nós já pedimos a elevação dos muros do colégio para dificultar a ação de criminosos. Também contamos com a ajuda da Polícia Militar”, explica Valdete Aparecida Ramos, diretora do colégio.
Além disso, houve um caso de agressão contra um aluno, por um motivo fútil. O incidente foi considerado isolado, até porque nunca tinha acontecido nada deste tipo. Mas gerou muita preocupação na comunidade escolar. Tanto que o colégio fez algumas alterações em horários de saída e intervalos, no período da noite, para trazer mais tranqüilidade e como forma de precaução.
“A escola chama sim a atenção de quem está de fora. Grupos são formados na frente do colégio. Infelizmente isso ocorre no entorno. Mas estamos em alerta, cuidando para que as atividades pedagógicas sejam realizadas como devem”, comenta a diretora.
Intervenções como esta são essenciais para administrar e prevenir novos casos. “Não podemos evitar a violência que vem contra a escola, mas podemos minimizar os efeitos disso”, conta Ana Lúcia Albuquerque Schulhan, diretora de administração escolar da Secretaria de Estado de Educação (Seed).
Trabalho de prevenção
A Patrulha Escolar classifica as infrações como fatos isolados, pois apenas 3% de todo o atendimento é ocorrência policial. Dentro deste índice, ainda existem as mediações feitas pelos integrantes do batalhão. O programa passa orientações, faz palestras, atua na comunidade entorno do colégio e realiza diagnóstico da escola. O trabalho é focado na prevenção.
“Podem acontecer rixas porque tomaram o boné, por exemplo. Não que isso seja normal ou que todos sejam marginais. Se eu tenho conhecimento e amadurecimento, eu resolvo isso no diálogo. Senão, eu resolvo na briga. Por isso, a orientação é tão importante. Quando a pessoa estiver sozinha, a decisão é dela. Mas se estiver orientada, vai tomar a decisão certa”, afirma Margarete Maria Lemes, coordenadora estadual operacional da Patrulha Escolar Comunitária pela Secretaria de Estado da Educação (Seed).
Na avaliação de Ana Lúcia Schulhan, também da Seed, os ataques contra o patrimônio físico das escolas e os “acertos de contas” são originados externamente.
As infrações muitas vezes são praticadas por jovens da própria comunidade, mas que não necessariamente estudam na escola que prejudicam. Para ela, a violência nas escolas é fruto da falta de respeito e de valores de muitos jovens, independentemente da classe social.