Um grupo de conceituados arquitetos de Curitiba apresentou anteontem ao presidente da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), Luiz Cláudio Romanelli, projetos arquitetônicos e de paisagismo para as ocupações irregulares do Parolim, na capital, e da Vila Zumbi dos Palmares, em Colombo. Os arquitetos integram o projeto Refavela, que atua em parceria com o programa Direito de Morar, iniciativa da Cohapar que promove a regularização e urbanização de ocupações. A Cohapar já trabalha na desapropriação das áreas necessárias.
A proposta para a Vila Zumbi dos Palmares foi elaborada pelos arquitetos Adolfo Sakaguti, Mara Paludo, Cláudio Forte Maiolino e Flávio Schiavon. Ela prevê a construção de casas, sobrados e prédios de três andares para 307 famílias, número determinado pela Cohapar. As moradias têm área construída de 35 a 62 metros quadrados e serão instaladas em três grandes terrenos e em três lotes isolados da ocupação.
“A situação mais complexa é a dos moradores que vivem atualmente junto ao Rio Palmital, onde a ocupação é mais recente”, explicou Paludo. Para eles, os arquitetos propõem a construção de casas térreas ou sobrados. Em outras áreas da ocupação, estão previstos sobrados com dois ou três quartos e pequenos edifícios de três pavimentos, com apartamentos de dois ou três dormitórios. “Nos preocupamos em fazer projetos diferenciados para as moradias, para evitar a monotonia dos conjuntos residenciais tradicionais”, disse Maiolino.
Plano viário
A proposta prevê ainda a elaboração de um plano viário para a Vila Zumbi, a partir das ruas já existentes. “Nas ruas de trânsito local, o passeio será amplo para permitir a instalação de quadras de esportes e brinquedos para as crianças. É um espaço para a convivência dos moradores”, afirmou Sakaguti.
A proposta o Vila Parolin foi elaborada pelos arquitetos Jayme Bernardo, Júlio Pechmann, Orlando Busarello, Dilva Slomp Busarello e Daniela Slomp Busarello. Eles propõem a criação de sete edifícios de cinco e seis pavimentos, para abrigar 112 famílias. Os apartamentos, de dois ou três quartos, tem de 39 a 52 metros quadrados.
“Optamos por localizar os prédios em uma quadra, onde se concentram as moradias mais precárias da ocupação”, explica Orlando. A área, de 9 mil metros quadrados, permite construções de até 20 mil metros quadrados. Os sete edifícios têm área construída de 9 mil metros quadrados. Além dos prédios, o projeto prevê áreas comuns para uso dos moradores para cursos, atividades comunitárias e sociais e estacionamento para veículos. Também faz parte da proposta o paisagismo da quadra, para revitalizar a região.
Os prédios têm três projetos diversificados e prevêem inclusive murais decorados com poesia. “É uma forma de mostrarmos que é possível intervir e mudar a realidade dessas famílias, mantendo a diversidade das moradias”, aprovou Romanelli.
Voluntários
O Refavela é um projeto voluntário criado pela arquiteta Consuelo Cornelsen, coordenado por ela e pela empresária Regina Bruni, e têm participação de arquitetos e estudantes de arquitetura e design.
Integram o Refavela os arquitetos Orlando Busarello, Dilva Slomp Busarello, Daniela Slomp Busarello, Júlio Pechmann, Jayme Bernardo, Mara Paludo, Adolfo Sakaguti, Cláudio Forte Maiolino e Flávio Schiavon. Participaram ainda da apresentação o presidente da Cohab de Londrina, Carlos Eduardo de Afonseca e Silva, e a diretora de Projetos da Cohapar, Rosângela Kosak.
Sesp vai promover hoje a 21.ª desocupação pacífica
A Secretaria Estado da Segurança Pública (Sesp) pretende realizar hoje a 21.ª desocupação pacífica no Estado em 2003. Desta vez, a reintegração de posse será na Fazenda Vale do Sol, em Ortigueira, região dos Campos Gerais. A área de 360 alqueires estava sendo ocupada por 280 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Ontem, 25 famílias desocuparam a Fazenda São Manoel, distante 100 quilômetros de Coronel Domingos Soares. A fazenda tem 530 alqueires.
O número de pessoas que ocupam a Fazenda Araupel, em Quedas do Iguaçu, aumentou no últimos dias. Conforme a Polícia Militar da cidade, cerca de duzentas pessoas a mais estão no acampamento. Na quarta-feira à tarde e na quinta pela manhã, chegaram dezoito caminhões lotados de mais alguns carros de passeio, todos vindos do município de Sulina. A expectativa na cidade é que o número de novos ocupantes da fazenda ainda cresça, chegando a 150 famílias. A Araupel e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) vêm negociando há alguns dias a venda de parte da área para abrigar um assentamento do MST.
Embrapa
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) não pretende interferir na negociação de parte de sua fazenda em Ponta Grossa, ocupada anteontem por 130 famílias sem-terra, com acompanhamento do governo do Estado. É intenção do Estado do Paraná fazer dessa área um assentamento provisório. A fazenda tem 4.200 hectares, mas o local invadido tem 3 mil hectares e está sob a responsabilidade do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) por um contrato de comodato de mais de vinte anos. “Deixamos as negociações nas mãos do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Como a ocupação foi na área do Iapar, a Embrapa não vai opinar no momento”, disse o assessor da diretoria da empresa, Antonio Maciel Botelho Machado.
Treino
O Incra anunciou ontem que está treinando dezoito de seus técnicos para visitar e identificar irregularidades nos 266 assentamentos existentes no Estado. (Lawrence Manoel)