A Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) está concluindo a construção de mais 41 unidades habitacionais para famílias quilombolas de Adrianópolis, na região do Vale da Ribeira. A previsão é de que 19 casas sejam entregues no final de abril e as restantes, até o fim de maio. Outras 35 unidades já estão ocupadas. Os investimentos são de R$ 2,3 milhões.
Representantes da companhia participam nesta quinta e sexta-feira (22 e 23) do Seminário de Ações Integradas do Programa Brasil Quilombola no Paraná. O evento reúne as secretarias que atuam pela melhoria das condições de vida das famílias quilombolas que vivem no Estado.
Para Francisco Filho, assessor do Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo da ONU, a política habitacional deve ser inclusiva e respeitar a tradição das famílias. “O desenvolvimento trouxe resultados muito tristes para estas comunidades. Muitas delas foram vistas como um empecilho e ficaram sem acesso às políticas públicas”, disse.
“Temos que virar a página da exclusão social. Este projeto da Cohapar, com a construção de casas que respeitam as tradições, é uma forma de começar a resgatar e incluir essas pessoas na sociedade sem impor a elas o modo de vida europeu”, acrescentou.
Para o presidente da Cohapar, Mounir Chaowiche, atender as famílias quilombolas é uma forma de reconhecer a contribuição que este povo deu ao Estado ao longo dos anos. “O governador Beto Richa quer atender toda a população do Paraná. Temos programas específicos para quilombolas e agricultores, sempre pensando em melhorar a qualidade de vida através da casa própria”.
O projeto
As casas beneficiam as seguintes comunidades: Praia do Peixe (3 famílias), Porto Velho (13), Bairro São Roque (9), João Surá (22), Sete Barras (19) e Córrego das Moças (10).
O projeto contempla ainda outras ações sociais – de saúde, assistência jurídica e acesso viário. Para isso, o governo trabalha em conjunto com o Incra, Ministério Público Estadual, Copel e Sanepar.
Muitas das famílias que já se mudaram para as novas unidades moravam em casas de pau a pique construídas com barro, teto de palha de sapé e divisórias de bambu. Algumas eram feitas apenas com bambu, o que demonstra a fragilidade da infraestrutura local. A sobrevivência vem da lavoura, mantida para o consumo próprio, além da criação de pequenos animais.
Chegar às comunidades é difícil, pois ficam entre as montanhas do Vale da Ribeira – com acesso por estradas de terra, em que carros não passam em época de chuvas. Hoje, as mudanças são nítidas e muitas casas já têm luz elétrica.
Todas as famílias são cadastradas na Fundação Cultural Palmares, vinculada ao Ministério da Cultura. Foi o primeiro órgão federal criado para promover a preservação, proteção e disseminação da cultura negra. Para participar dos programas destinados a famílias quilombolas, é necessário ter cadastro nesta entidade.
