Por determinação da Justiça, a Companhia de Habitação (Cohab) de Curitiba iniciou ontem a limpeza do terreno do Boqueirão atingido por um incêndio há duas semanas. O terreno, onde fica o barracão desativado de uma antiga fábrica, é ocupado por 32 famílias de catadores de materiais recicláveis e pegou fogo no último dia 2, depois de um curto-circuito nas instalações irregulares de energia, feitas pelos moradores.
Segundo a organização não governamental Terra de Direitos, que presta assistência jurídica aos ocupantes do terreno, os escombros do barracão e, agora, os destroços do incêndio representam risco às vidas das pessoas que lá estão e a Prefeitura já havia sido comunicada desse fato. No entanto, segundo a ong, a Prefeitura não quis entrar no imóvel por ele ser alvo de litígio. Desde 2004, as famílias que ocuparam o terreno em 1999 brigam na Justiça com a massa falida da empresa pelos direitos sobre o local.
Ontem, a juíza Josely Ditrich Ribas, da 3.ª Vara da Falência, deferiu o pedido de autorização de limpeza e demolição do que ainda resta no terreno, devido aos riscos de vida a que os moradores e vizinhos do imóvel estão expostos. A Cohab informou que, juntamente com órgãos da Prefeitura, iniciou, ontem mesmo, os trabalhos de limpeza dos destroços do incêndio, que destruiu 18 dos 32 barracos. A Prefeitura fará ainda, a partir da próxima semana, a demolição do que restou do barracão.
Para as famílias desabrigadas, a Cohab ofereceu um abrigo até a reconstrução de suas moradias, mas eles preferiram permanecer no terreno ou até mesmo na calçada, com medo de perderem seus pertences e o pedaço de terra ?que conquistaram?. A ação de despejo segue tramitando na Justiça, mas um agravo de instrumento concedido pelo Tribunal de Justiça mantém os ocupantes no local até o fim do processo de reintegração.
