O Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba (Sindimoc) encaminhou à Urbs, ontem, um ofício pedindo detalhes sobre custos e planos pra instalação de 80 banheiros químicos próximos a estações-tubo, para serem utilizados pelos cobradores. A situação se arrasta há anos e em 2015 foi considerada pelo Ministério Público do Trabalho do Paraná (MPT-PR) como risco à saúde. Na semana passada, o Sindicato das Empresas de ânibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) anunciou que não irá mais gerenciar esta medida, com custos previstos na tarifa técnica. A responsabilidade ficaria então pra Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), que afirmou estar “procurando alternativas de projetos pra realizar melhorias significativas no transporte”.

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A Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec) informou que das dez estações-tubo na RMC, cinco são atendidas com sanitários dos terminais e duas foram desativadas. “Pra outras três, duas em Pinhais e uma em Campo Largo, estão sendo tomadas as providências pra que seja atendida a determinação judicial”.

“Queremos saber detalhes sobre os valores e como o dinheiro será empregado, pra ver se de repente o próprio sindicato fique responsável”, afirma o presidente do Sindimoc, Anderson Teixeira.

Desconfiança

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Enquanto a solução não se resolve, os cobradores continuam sem estrutura mínima de trabalho – que dura de seis a sete horas diárias. A situação é mais crítica em regiões sem comércio próximo e durante os finais de semana. Trabalhadores dos tubos das rotas em que trafegam as linhas Circular Sul, Centenário-Campo Comprido e Pinhais-Campo Comprido são os que mais sofrem com a falta de sanitários. A desconfiança de que os banheiros virão é grande. “São tantos anos que a gente nem acredita mais”, comenta um cobrador.

Passando aperto

Com medo de represálias por parte das empresas, os cobradores preferem não se identificar, mas contaram à Tribuna como se viram para conseguir ir ao banheiro durante o horário de trabalho. A alternativa encontrada é contar com a ajuda dos colegas que atendem os passageiros que chegam, e apelar para terrenos baldios próximos às estações tubo (fotos abaixo). Para as mulheres a situação fica ainda mais complicada. Elas são obrigadas a pegar um ônibus e ir até o terminal para utilizar o banheiro público. Outros utilizam o próprio carro para ir a supermercados ou postos de gasolina próximos das estações.

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Humilhante

“Nosso banheiro é o mato. Como não dá pra sair do tubo, a gente segura ao máximo e reveza entre os tubos. Passamos muito aperto”, diz um cobrador que está há 15 anos na função. “A gente se sente humilhado”, lamenta.

Para a cobradora, a situação já rendeu uma infecção na bexiga. “Tive que ficar o dia inteiro no tubo e no dia seguinte fui parar no hospital”, lembra. Ela conta que já precisou contar com a ajuda de um passageiro para conseguir ir ao banheiro. “Não tinha outro tubo por perto pra pedir pro cobrador me render, fiquei um tempão me segurando até que um passageiro me ajudou. Mas não deu tempo, não consegui segurar e fiz xixi na calça. É horrível. Evito tomar água pra não ficar com vontade de ir ao banheiro”. Na Avenida Presidente Affonso Camargo, o trilho do trem serve de banheiro. “Tem um buraco no trilho do trem e a gente vai lá. Ainda bem que não tenho problema de intestino”, diz o cobrador que não gosta de “incomodar” os comerciantes da região.