Ao atender a campainha que soou na manhã de ontem, o aposentado Bruno Weber teve uma surpresa não muito agradável. Eram policiais do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), da Polícia Militar do Paraná (PM), à procura de sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH), suspensa pelo excesso de multas de trânsito.

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Desde sexta-feira até o final da tarde de ontem, além de Weber, a PM ainda “visitou” outros 103 locais, que também foram notificados pelo Departamento de Trânsito do Paraná (Detran), mas que não fizeram a entrega da CNH.

Ao todo, oito carteiras de habilitação foram apreendidas, 34 apresentaram endereço incorreto e em 61 endereços o motorista infrator não estava no local. Não houve problemas na hora de apreender as carteiras.

“Estou num dilema. Preciso da carteira para trabalhar e não me considero um infrator”, afirmou Weber, ao assinar a notificação. O aposentado de 68 anos afirma que trabalha como motoboy para complementar a renda. “Se existisse um trabalho voluntário como alternativa eu me prontificaria”, disse. Segundo o tenente Silvio Cordeiro, responsável pela operação, a habilitação de Weber apresentava 64 pontos, quando o máximo permitido são 20 pontos.

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A apreensão da habilitação de Weber foi efetuada durante a primeira grande operação da PM para recolher CNHs suspensas, desde que o secretário de Segurança de Estado da Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari, assinou, em maio, a resolução que determina que a polícia busque por motoristas que se recusarem a entregar suas habilitação suspensas. O objetivo da operação é apreender, desde sexta-feira até hoje, cerca de 400 CNHs.

De acordo com o tenente Cordeiro, a operação recebeu o reforço de dez equipes de diversas unidades da PM. São 12 equipes no total, com 24 policiais envolvidos. “Até agora, apenas o BPTran estava fazendo essa visita. Agora, todas as unidades da Polícia Militar estarão envolvidas na operação que passará a ser contínua”, disse o policial.

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Segundo Cordeiro, de 30 de maio a 2 de julho, apenas 28 CNHs foram recolhidas. O tenente explica que a meta é apreender o maior número possíveis de carteiras suspensas.

“O objetivo é intensificar essa operação para que ocorra uma conscientização dos motoristas para que evitem transtornos.” Cordeiro conta que quem receber a notificação e não entregar a CNH em 48 horas poderá ser preso pelo crime de desobediência.

Nomes estão na internet

A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) disponibilizou na internet uma lista com os nomes dos motoristas que estão com a carteira de habilitação suspensa no Paraná e ainda não entregaram o documento ao Detran.

A relação está disponível  no site da Sesp, www.seguranca.pr.gov.br. São 40 mil nomes, já que, dos 67 mil anunciados inicialmente, muitos já entregaram a carteira de motorista e outros estão recorrendo das multas e, por isso, seus nomes não serão divulgados até o julgamento dos recursos.

De acordo com o Detran, até abril deste ano, havia pouco mais de 112 mil notificações enviadas de aviso de suspensão de carteira que esperavam ser cumpridas. Segundo o órgão, cerca de 139,5 mil motoristas estão cumprindo a suspensão e 67 mil estão com a carteira suspensa e ainda não a entregaram ao órgão.

Suspensão

A suspensão é imposta ao condutor que acumula 20 pontos na carteira no período de 12 meses, ou quando comete uma infração gravíssima, que tem como penalidade a suspensão da carteira.

No caso dos condutores que têm de entregar a carteira para cumprir a suspensão, eles devem procurar um posto de atendimen,to do Detran, portando o documento. Além do prazo estipulado na notificação, o motorista deverá realizar o curso de reciclagem de 30 horas.