Clínica da Dor auxilia pacientes no HC

Entre 6% e 7% da população brasileira sente algum tipo de dor crônica. A informação é do anestesista Mário Luiz Giublin, que é um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Estudos da Dor, e chefia a Clínica da Dor do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba. Criado no ano de 1989, o estabelecimento tem como objetivo tratar pacientes que têm a qualidade de vida diminuída devido à presença de dor.

Existem diversos tipos de dor. O problema, porém, pode ser caracterizado basicamente como agudo ou crônico. A dor aguda, segundo Giublin, é aquela que as pessoas sentem quando sofrem algum tipo de trauma, passam por um procedimento cirúrgico ou possuem algum tipo de patologia. ?É uma dor benéfica, que serve de alerta para que a pessoa procure um médico, identifique a causa da dor e busque tratamento.?

Já a dor crônica costuma ser constante e muitas vezes se origina de um caso agudo mal tratado. Ela influencia diretamente na qualidade de vida do paciente, prejudicando seu sono, atrapalhando sua vida social e tendo conseqüências diretas em sua vida profissional. Dela, também podem resultar a depressão, a falta de apetite e a ansiedade. ?A dor crônica é considerada um sofrimento físico desnecessário, pois muitas vezes ela permanece após a doença do paciente já ter sido diagnosticada, incomodando, gerando sofrimento emocional e desencadeando uma série de reações negativas no organismo. Podem senti-la pessoas vítimas de câncer, problemas neuropáticos, cefaléias, problemas de coluna, entre outros?, explica o anestesista.

Giublin acredita que o pior tipo de dor é aquele que a pessoa sente no momento. Porém, algumas dores costumam ser consideradas mais intensas e difíceis de suportar do que outras. É o caso da dor do câncer, da cólica renal e da dor oriunda de seqüelas neuropáticas. Essa última também é considerada uma das mais difíceis de serem tratadas, podendo ser minimizada. ?Acreditamos que os pacientes não precisam sentir dor 24 horas se existem recursos para combater o problema. O tratamento das dores geralmente envolve participação de equipe multidisciplinar, uso de medicamentos, bloqueios nervosos, fisioterapia, terapia ocupacional e assistência psicológica.?

Paciente

Há seis meses consecutivos, o aposentado José Vilmar Gross, de 47 anos, tem sua vida dificultada pela dor. Ele é vítima da chamada ?dor fantasma?, uma queixa constante de pessoas que passaram por amputações. ?Tive a perna esquerda amputada há três anos, mas continuo a senti-la. Percebo-a inchada, coçando e posso sentir os dedos. Freqüentemente tenho sensação de rasgadura e queimação. Muitas vezes, sequer posso sair de casa?, conta.

Já sem agüentar os sofrimentos físico e emocional provocados pela dor, o aposentado procurou ajuda na clínica mantida pelo HC. De acordo com o anestesista Mário Giublin, a ?dor fantasma? não é psicológica, mas uma reação do ?cérebro, que não sabe que um determinado membro foi amputado?. O tratamento é medicamentoso.

Paraná tem projeto pioneiro

O Paraná é o único estado brasileiro a ter um projeto voltado à melhoria da qualidade de vida de pessoas que são vítimas de dor crônica. Lançado em 2001, o programa Paraná sem Dor está presente em todos os municípios do Estado e atualmente beneficia cerca de 1,5 mil pessoas atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

?Pacientes vítimas de dor passam por avaliações em unidades de saúde e começam a receber gratuitamente medicamentos de caráter ambulatorial para o controle do problema. No total, são fornecidos vinte medicamentos?, revela o diretor do Centro de Medicamentos da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa), Luiz Fernando Ribas.

O sucesso da iniciativa tem atraído a atenção de integrantes de secretarias de Saúde de outros estados, que já começam a pensar em adotá-lo. No ano passado, foram investidos no programa R$ 750 mil. Este ano, de janeiro a maio, foram gastos R$ 350 mil. ?O Paraná sem Dor é um programa que atende uma grande necessidade dos pacientes, pois é horrível uma pessoa sentir dor e não ter condições financeiras para comprar medicamentos de controle.? (CV)

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