Cumprida a reintegração de posse do Paço Municipal, tanto Prefeitura quanto Sindicato dos Servidores Municipais de Maringá (Sismmar) afirmam que o clima está longe de ser de paz. De um lado, o procurador do município, Laércio Fondazzi, diz que ?não dá para negociar com anarquistas?. De outro, o advogado do movimento, Avanilson Araújo, comenta que ?está um clima de mágoa entre os trabalhadores por conta do uso da força policial?. A greve entra hoje no 26.º dia sem perspectiva de solução.
Segundo a Polícia Militar, o mandado de reintegração de posse saiu ainda na noite de quarta-feira. No entanto, a ordem judicial foi cumprida até as 2h30 de ontem. A ação teria sido pacífica, mas algumas pessoas se recusaram a deixar o prédio. Cerca de 40 grevistas foram encaminhados à delegacia e um termo circunstanciado por desobediência foi instaurado. De acordo com o delegado-chefe da 9.ª Subdivisão da Polícia Civil, Brandão Neto, ninguém permanecia detido, mas as investigações continuam.
Até Araújo chegou a ser detido, durante a operação. ?Eu, na ordem de advogado do sindicato, fui algemado e fiquei detido por quatro horas sem saber o motivo?, lamenta. Segundo ele, ainda na noite de quarta-feira, na Prefeitura, o inquérito foi instaurado e encaminhado ao Fórum o pedido de prisão temporária de 12 servidores, inclusive a presidente da categoria, Ana Pagamunici. ?O que o delegado fez foi ilegal?, afirma.
Uma nova assembléia será realizada hoje à tarde. Os trabalhadores decidirão se suspendem o movimento ou continuam a partir de segunda-feira. O procurador do município afirma que ?a guerra não tem fim sem que haja a paz. Ninguém senta à mesa de negociação enquanto houver agressividade e atitudes dessa natureza que pratica o sindicato?. Segundo ele, os servidores ainda bloqueiam os portões da Secretaria de Serviços Públicos, e escolas e creches ainda permanecem fechadas, descumprindo quatro ordens judiciais. ?A população tem todo o direito de ter os serviços essenciais funcionando. Estamos fazendo de tudo para garanti-los, mas os grevistas não cumprem nem os 30% exigidos pela lei?, reclama Fondazzi.
Ainda segundo o procurador, o sindicato é que estaria ?emperrando? as negociações. ?Já enviamos quatro propostas para eles: de reposição integral da inflação; de um salário mínimo de R$ 450; de pagamento da progressão funcional; e de instalação de uma comissão para implantar o Plano de Cargos, Carreiras e Salários. Eles recusaram todas. São eles que não querem negociar?, alega o procurador.
Justiça
Segundo o Ministério Público, as promotorias locais acompanham a questão da greve ?como mediador extra-processual e aguarda o desenrolar dos acontecimentos na expectativa de que não sejam necessárias novas ações judiciais (além das já propostas pelo Sindicato e Município)?.
