Nunca a Ponte da Amizade – principal ligação entre Foz do Iguaçu, no oeste do Estado, e a paraguaia Ciudad del Este – pareceu ostentar um nome tão díspar da realidade. Ontem pela manhã, taxistas e transportistas (que utilizam vans e motos) do país vizinho iniciaram uma série de mobilizações que pode culminar no fechamento completo da via, caso as autoridades não cheguem a um acordo sobre a atividade na região. Durante aproximadamente três horas, centenas deles abriram e fecharam a passagem de veículos na aduana paraguaia.
Os manifestantes querem o fim das restrições no posto da Receita Federal (RF) brasileira na ponte. Quando levam passageiros de Ciudad del Este a Foz, são obrigados a passar por revista para ver se transportam contrabando, precisam largar o passageiro no local, dar meia volta e retornar. A reclamação já é antiga, e começou em 2005, quando o governo brasileiro resolveu endurecer o combate ao crime na fronteira. De lá para cá, a ponte já foi fechada diversas vezes. ?Somos obrigados a deixar os passageiros e voltar na mesma hora?, diz o presidente da Taxistas Unidos del Este (Taude), Santiago Segovia.
Ele afirma ainda que os taxistas sofrem humilhações dos funcionários da Receita, sendo que por vezes não têm nem tempo de cobrar a corrida, fato que a RF em Foz nega. O órgão diz que como os passageiros precisam entrar na fila para declarar o que levam, os táxis não tem espaço para parar e, por isso, voltam.
Segovia ressalta que, do lado paraguaio, os taxistas brasileiros não tem qualquer espécie de barreira para ingressar no país. Mas isso pode mudar ainda hoje, quando a Câmara Municipal de Ciudad del Este discute um projeto de lei que impedirá a circulação dos táxis brasileiros no município.
No último sábado, a categoria se reuniu e decidiu fazer mobilizações em represália aos rígidos controles na Ponte da Amizade e para que o presidente paraguaio Nicanor Duarte Frutos atenda os pedidos de apoio.
Os taxistas pedem que os dois governos agilizem as negociações para implementar um projeto para formalizar as atividades dos ?sacoleiros? no Brasil. O presidente da Taude disse que um eventual fechamento total da ponte não pode ser descartado e que deverá envolver ?todos os trabalhadores de Ciudad del Este que sofrem discriminação?.
