As variações climáticas registradas no Paraná nos últimos meses influenciaram o desenvolvimento de diversas culturas. E isso resultou na mudança de comportamento de algumas espécies, como as abelhas, que estão ?invadindo? o espaço urbano em busca de alimento. Uma das conseqüências dessa alteração será a grande queda da produção de mel no Estado.
O professor da disciplina de Apicultura do curso de Zootecnia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Paulo César Falangue Carneiro, explicou que nos meses de outubro e novembro, quando tradicionalmente as temperaturas começam a se elevar, foram registrados longos períodos de frio. ?Muitas plantas estavam no período da floração, mas o frio e até geadas registradas em algumas regiões, fizeram com que os botões caíssem sem dar flor, e com isso as abelhas ficaram sem o néctar (utilizado para a transformação do mel), que é o seu alimento?, explicou. Por isso, é comum ver em diversos locais, como lanchonetes e sorveterias, a presença das abelhas em busca de açúcar.
Esse comportamento é considerado normal, afirma o engenheiro agrônomo e apicultor, Álvaro Tadeu Munhoz, ?pois se faltou o alimento natural, que é o néctar, elas precisam buscar outras fontes?. O que também pode estar ocorrendo, comenta Munhoz, é a migração das abelhas para outras regiões, já que a quantidade de enxames está relacionada com a oferta de alimentos na natureza. Com a queda das temperaturas, a presença das abelhas tende a diminuir, pois elas saem menos, até porque existem menos flores. ?Como não existe nenhum repelente contra abelhas, o jeito é conviver com elas?, falou o engenheiro.
Safra
Mas a conseqüência mais grave dessa situação é a queda da produção de mel no Estado. Álvaro Munhoz estima que esses números podem chegar a 90% em algumas propriedades. ?Essa será, com certeza, a pior safra dos últimos 30 anos?, falou. Munhoz ressalta que felizmente a grande maioria dos apicultores não vive exclusivamente da produção de mel, senão os prejuízos seriam muito maiores.
O professor da PUC também confirma a queda. Segundo ele, a universidade possui um setor de apicultura na região de Tijucas do Sul, com 190 colméias em uma área de três mil hectares. A expectativa era colher 2,5 mil quilos de mel, no entanto a produção não deve passar de 600 quilos. ?Depois do período maior da safra, ainda colhemos um pouco em março. Mas nesse ano nem vamos fazer isso para tentar recuperar as perdas no ano que vem?, comentou.
