A explicação para as mudanças climáticas, que resultaram em uma das maiores estiagens já registradas no Paraná, está diretamente ligada às alterações do ecossistema, provocadas pela agressões ao meio ambiente. Apesar de o inverno ser uma estação tipicamente seca, o que resultou na situação que comprometeu o nível das barragens que fornecem água para Curitiba e região foi a escassez de chuvas desde o ano passado. No verão, quando esperava-se reposição dos reservatórios, choveu menos que o previsto.
Segundo a diretora de Meio Ambiente e Ação Social da Sanepar, Maria Arlete Rosa, a estiagem não é um fenômeno isolado. ?A Região Metropolitana, responsável pelo abastecimento de água de Curitiba e região, está enfrentando uma das conseqüências da mudança climática que está ocorrendo em todo o planeta, que já foram amplamente discutidos no Protocolo de Kyoto e nas recentes Conferências da Biodiversidade da Organização das Nações Unidas?, diz.
As repercussões deste fenômeno também afetam o sistema público de abastecimento de água, de modo que a Sanepar vem buscando meios de proteger os mananciais responsáveis pelo abastecimento de Curitiba e municípios. ?Este trabalho, integrado com diversas instituições estaduais, é uma política de governo e os resultados concretos já estão aparecendo?, enfatiza. O problema de gestão dos mananciais, por exemplo, está sendo resolvido pelas diretrizes fixadas pelo Decreto Estadual n.º 6390, publicado em abril deste ano. Nele ficou determinado que toda a água disponível na RMC é de interesse para o abastecimento público. ?Ao estabelecer as áreas de interesse para mananciais, o governo criou os mecanismos para que a Sanepar fixe o seu plano diretor de uso da água?, enfatiza Maria Arlete.
Já que a Região Metropolitana não tem rios caudalosos, com volume de água suficiente para assegurar o abastecimento, a solução é construir barragens que vão armazenar toda a água que vem da Serra do Mar, especialmente em épocas chuvosas. Hoje existem as barragens do Iraí, Piraquara 1 e Passaúna. ?Este é o avanço obtido com o Decreto, porque considera que nenhum manancial pode ser desperdiçado e também estabelece as diretrizes para os planos diretores dos municípios, que devem preservar, nos seus planos de desenvolvimento, a água para destino público.? Porém, o planejamento de utilização dos recursos hídrico vai longe – há previsão de obras até 2050. Mas já em um futuro próximo, o plano gestor prevê a conclusão da barragem Piraquara 2, que já está em construção. A previsão é de que ela fique pronta em 2007.
As definições estabelecidas pelo Decreto n.º 6390 são fruto do trabalho conjunto realizado por instituições do governo do Estado, entre elas a Comec e a Suderhsa. Também participaram as prefeituras da região. Os estudos levaram em conta aspectos como levantamentos hidrológicos e de crescimento populacional.
Segundo Maria Arlete, a partir deste decreto ?o destino da água como bem público está legitimado e permite à Sanepar planejar seus investimentos futuros para acumular matéria-prima nos reservatórios formados pelas barragens em construção e a serem construídas?.