O empresário Cleber Salazar, que permanece preso após denúncias de fraude em bombas de combustível, negou os fatos durante depoimento na sede do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, na noite desta segunda-feira. “Ele não esclareceu nada e negou todos os fatos. A reportagem foi rodada durante o depoimento e paramos ponto a ponto. Ele procurou justificar cada um deles como atividade lícita”, comentou a procuradora Cristina Corso Ruaro, da Promotoria de Defesa do Consumidor, que acompanhou o depoimento.
De acordo com ela, Salazar falou que os R$ 5 mil citados na reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo, são referentes somente ao preço de manutenção da bomba de combustível. “Ele disse que os R$ 5 mil eram preço de tabela pela manutenção de uma bomba. Isto vai ser investigado inclusive com empresas concorrentes”, explicou Cristina. Ela ainda ressaltou que a informação também será confrontada com os dados bancários e fiscais de Salazar, além da documentação já apreendida na empresa do empresário.
Se for comprovada a fraude nos postos de combustíveis, os proprietários e responsáveis pelos estabelecimentos também vão responder judicialmente. Eles podem ser indiciados por formação de quadrilha, estelionato e crimes contra a ordem econômica, entre outros. “Além do âmbito criminal, será instaurado um inquérito civil para verificar junto aos órgãos fiscalizadores uma maneira de garantir maior seguranças nestes equipamentos”, afirmou a promotora.
Ela ressaltou que, desde a exibição da reportagem, o consumidor se sente inseguro ao abastecer seu veículo. “Ninguém tem como saber se há ilícito. Somente pessoas credenciadas têm acesso às bombas. Todo consumidor, hoje, vai ficar na dúvida”, indicou Cristina.
O delegado Jaime Estorilio, da Delegacia do Consumidor (Delcon), enfatizou que não havia nenhum denúncia mais consistente sobre esta fraude. “Tivemos apenas uma denúncia de um usuário de um posto na Cidade Industrial de Curitiba. Foi checada e não foi verificado nada”, relatou. O Ministério Público também declarou que não recebeu nenhuma denúncia sobre a fraude das bombas por controle remoto.
O procurador-geral de Justiça, Olympio de Sá Sotto Maior Neto, assegurou que o Ministério Público investigaria a situação se já tivesse esta informação e até mesmo tentaria um flagrante com os postos utilizando as placas eletrônicas adulteradas. “Agora o Ministério Público vai atrás das provas”, disse.
Veja a entrevista coletiva do MP-PR sobre o assunto.