O Hospital Universitário (HU) de Londrina, no norte do Paraná, voltou a realizar uma cirurgia de separação de gêmeos siameses após 20 anos. Desta vez, os bebês de cinco meses são do sexo masculino, e ontem mesmo receberam alta, após cinco dias da operação. O sucesso da cirurgia, realizada por duas equipes do hospital, deveu-se, em parte, à aplicação de uma nova técnica: a introdução do apoio de fisioterapia no pré-operatório.
Segundo o médico Lúcio Tedesco Marchese, chefe de uma das equipes de cirurgia pediátrica, os preparativos começaram quando os bebês completaram dois meses. ?Introduzir a fisioterapia foi um ?insight?. Em vez de usarmos expansores de silicone, orientamos a mãe dos bebês que fizesse alongamento com eles. Assim eles foram ganhando pele e parede muscular, o que dispensou a prótese depois da separação, reduzindo o risco de infecções?, explicou o médico. A nova técnica de preparação para a cirurgia deve resultar em artigo científico e ganhar o exterior, pois a novidade foi muito positiva e pode dar contribuição importante nas cirurgias de siameses. Todo o processo de preparação e cirurgia foi filmado, e o procedimento, em si, levou duas horas e meia.
Acidente
Os bebês, que não tiveram os nomes revelados a pedido dos pais, que também não se identificaram, nasceram unidos devido a um erro no momento da divisão do embrião, que resulta na ocorrência de gêmeos idênticos. Casos como esse acontecem na proporção de 1 em 100 mil nascimentos. Eles estavam presos pelo tórax, abdômen, fígado e pela membrana que cobre o coração, conhecida também como pericárdio.
O problema foi identificado quando os bebês ainda estavam na barriga da mãe e, desde então, teve início o planejamento de como seria o tratamento e a cirurgia. Após o nascimento, eles ainda ficaram alguns dias na UTI, mas logo seguiram para casa, onde a mãe recebeu a orientação sobre a preparação com base na fisioterapia.
