Milagre

Cirurgia de 51 horas esgota banco de sangue

Uma cirurgia que durou 51 horas praticamente esgotou o banco de sangue do Hospital Evangélico de Londrina, no norte do Estado. O procedimento foi fundamental para salvar a vida do gerente de vendas Onivaldo Cassiano, de 49 anos.

De acordo com a administração do hospital, foram necessários mais de 400 bolsas de sangue, plaquetas e plasma para manter o paciente vivo durante o procedimento. O fato fez com que o hospital suspendesse alguns dos procedimentos que já estariam agendados.

Cassiano deveria se submeter a uma cirurgia para, além de substituir uma válvula do coração por um tubo de pericárdio bovino, trocar a aorta e fazer uma ponte de safena em uma das coronárias.

Não bastasse a complexidade da intervenção, que por si só já implicaria em risco de vida, o paciente ainda apresentou uma disfunção de enzimas importantes para a coagulação sangüínea, o que seria fundamental para a cicatrização das suturas.

Isso fez com ele sofresse seguidas hemorragias durante a cirurgia. “O sangue dele não coagulava e as suturas não fechavam”, concluiu o cirurgião Francisco Gregori Júnior, responsável pela cirurgia.

Como não conseguiam conter a perda de sangue, a equipe de quatro médicos e três residentes, precisou acompanhar o paciente por mais de dois dias. Assim, a cirurgia que começou na manhã do último dia 28 só terminou na manhã do dia 30 de julho.

Segundo Gregori Júnior, o volume utilizado durante o procedimento cirúrgico poderia trocar todo o sangue do paciente por pelo menos 20 vezes. O cirurgião conta que a cirurgia em si deveria durar cerca de três horas.

“Sabíamos que o paciente tinha essa disfunção e por isso o medicamos e aguardamos um período para que o sangue dele desenvolvesse a capacidade de se autocoagular. Só então, com a melhora desse quadro, é que marcamos a cirurgia.”

Gregori Júnior diz que chegou a pensar que o paciente pudesse sofrer seqüelas cerebrais devido ao tempo em que ficou sedado. “A carga de anestesia que ele recebeu foi muito grande e, com o tempo ele poderia sofrer com a falência de outros órgãos”, disse. Contudo, para a surpresa do médico, Cassiano acordou algumas horas depois da cirurgia.

Cassiano não esconde a felicidade por ter sobrevivido à cirurgia. “Quando acordei e vi que estava tudo bem já fiquei feliz. Depois que fiquei sabendo do que aconteceu, fiquei mais emocionado ainda”, conta.

O paciente, que deixou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital depois de dez dias de internação, acredita que sua recuperação é um milagre. “Voltarei para o meu trabalho e poderei jogar futebol como eu fazia antes.”