Caçadores de Notícias

Circo é uma fábrica de emoções e de sentimentos

É real a história da moça que se apaixona pelo rapaz do circo e larga tudo para seguir com ele na vida itinerante. Foi exatamente assim que a vida da fotógrafa Maria da Graça de Aguiar Loeza, 59, mudou depois que o circo visitou a cidade de Santa Cruz do Sul (RS), onde morava há quase 39 anos. “Meu pai alugou algumas casas para famílias circenses e em uma delas ficaram três mexicanos. Me apaixonei por um deles”, conta ela, que trabalhava em uma empresa de cigarros. Esta é uma das histórias que os Caçadores de Notícias encontraram no Circo Stankowich, que está na capital, ao lado do estádio do Pinheirão.

Em seis meses, Graça estava casada e partiu com o circo. Tempos depois nasceram seus três filhos. “Cada um nasceu em um lugar diferente, no Rio de Janeiro, São Paulo e no Rio Grande do Sul. Também sei onde cada um foi gerado”, brinca. Foram dois anos de adaptação ao novo ritmo de vida, além de trabalho no picadeiro e em outros setores. “Me encantei, aqui é uma escola, aprendemos várias lições de vida. O circo é magia”, garante. Sua irmã gêmea, Maria de Lourdes de Aguiar Lenz, também se encantou com o ritmo de vida circense e acompanha algumas viagens de Graça. “Adoro esta vida itinerante, sempre em lugares diferentes e sem rotina”, diz ela, que ainda mora no Rio Grande do Sul.

Entre cerca de 30 trailers e 20 carretas, moram quase cem pessoas que cruzam o País em uma cidade sobre rodas. Enfileirado, o comboio chega a mais de 300 metros. No acampamento, o dia tem ares de um condomínio comum, com crianças indo para a escola e mulheres cuidando da casa, mas de noite tudo muda na preparação para o espetáculo. “Todo mundo vira artista. Aqui é uma fábrica de emoções”, afirma o responsável pela unidade do circo que está em Curitiba, Marcio Stankowich, representante da sétima geração da família circense.

De família

Marco Charneski
Maria da Graça e Maria de Lourdes: sem rotina. Veja na galeria de fotos o circo.

Entre os três filhos de Graça, um deles não resistiu ao amor pelo circo. Aos 18 anos, Moyses Julian de Aguiar Loeza, 35, trocou o que aprendeu nos cursos de informática e administração para fazer aquilo que gostava. Hoje ele é uma das principais atrações do picadeiro, interpretando o Homem Pássaro e o Homem Aranha. “Não tem como fugir, isso nasceu comigo”, diz. Assim como os pais, Loeza também fez família no circo. Casou-se com uma integrante da trupe e hoje viaja acompanhado pela filha de sete anos, que já faz algumas apresentações com o pai.

Situações assim se repetem muitas vezes no circo, provando que o amor pelo picadeiro vem no sangue e não tem apenas uma especialidade. Os integrantes assumem vários papéis durante as apresentações. E apesar de parecer que a história da moça que fugiu com o circo é coisa de antigamente, isso ainda acontece. Nayara Moreto, 23, deixou para trás o cargo de executiva de vendas em uma multinacional de compras coletivas no interior de São Paulo para acompanhar o namorado, que conheceu no circo. Agora ela é uma das dançarinas da apresentação. “Ainda é tudo muito novo”, avalia.

Porém, junto com o amor é preciso muita dedicação. A formação e os treinamentos são fundamentais. “É essencial, todos aqui são profissionais”, ressalta a secretária administrativa Karina Kelly Gomes. “Mui,ta coisa aprendi aqui e a técnica na escola. O tempero é do circo”, analisa o Homem Pássaro.

O globista Rafael Nino Júnior, 24, é outro exemplo da necessidade de profissionalização das atividades. Na sexta geração de família circense, já fez apresentações no globo da morte fora do País e como resultado conquistou uma medalha do Guinness. “Poderia fazer isso em qualquer lugar, mas quero fazer isso aqui, com o calor da plateia. Nasci fazendo isso e não quero trabalhar de outra maneira”.

Veja na galeria de fotos o circo.

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