Em 2000 mais de 1.200 crianças morreram como ocupantes de veículos no Brasil. Mas, segundo o cirurgião pediátrico Marcelo Ribas Alves, cerca de 70 % dessas mortes poderiam ter sido evitadas se os pequenos estivessem usando dispositivos de segurança adequados para a sua idade. Para conscientizar os pais, a ONG Criança Segura em parceria com a Diretran e a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia do Paraná realizou ontem uma blitiz em Curitiba.

Segundo a coordenadora administrativa Alessandra M. Françóia, a maioria dos pais ainda não protege os filhos de modo adequado. Para ela, a situação não representa negligência, mas mostra a falta de informação.

Os números de crianças que ficaram com seqüelas em acidentes assustam; em 2000 passaram de 7 mil. “A Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia está tratando um bebê de três meses que está com paralisia cerebral vítima de acidente”, exemplifica.

Cuidados

São vários os cuidados que os pais devem ter com as crianças. Bebês de até um ano, que pesem até nove quilos, devem ocupar cadeirinhas de segurança de costas para o movimento. Crianças maiores de um ano que pesem entre 9 e 18 quilos devem ocupar cadeirinhas de segurança de frente para o movimento. Já os pequenos entre 18 e 26 quilos devem usar um suporte de segurança. O equipamento permite que o cinto de segurança ajuste-se corretamente ao corpo. A partir dos 36 quilos e idade acima de 10 anos o cinto de três pontas já resolve.

Mas é preciso cuidado na hora de usar os dispositivos de segurança. O manuseio inadequado não vai proporcionar a segurança necessária. No caso do cinto é importante que ele fique sobre os quadris e acima das coxas, passando confortavelmente pelo ombro. O cinto também não deve ficar em baixo do ombro, passando pelo centro do peito. “Estas são as partes mais duras do corpo”, explica Alessandra. Em outra posição o impacto da batida é absorvido pelos órgãos provocando sérias lesões.

Na hora de comprar os equipamentos os pais devem verificar a qualidade. Observar se possuem selo do Inmetro ou certificação européia. Também devem prestar atenção na instalação de modo correto.

Mas equipar o carro para transportar crianças com segurança não é barato. As cadeirinhas variam entre R$ 200,00 e R$ 800,00. “A partir do momento que a pessoa compra um carro ela tem que saber que precisará adequá-lo ao transporte de crianças”, diz. Mas para dar uma ajuda aos pais, a ONG tem realizado uma campanha junto aos fabricantes para tentar baratear os custos.

Muitos pais que já adotaram o equipamento de segurança acabam, às vezes, se descuidando para fazer pequenos trajetos. Aí mora o perigo, alerta Alessandra. Ela afirma que é comum as crianças sofrerem lesões sérias nesses momentos. Patrícia Alves Valaski, de 24 anos, mãe de uma menina de 3, não quis passar o banco da criança de um carro para o outro já que ia apenas ao shopping. Na blitz foi orientada sobre o risco que a filha corria e ela imediatamente colocou pelo menos o cinto na menina. Patrícia também estava grávida e foi orientada a deixar o cinto sob a barriga, para evitar possíveis problemas ao bebê. “Eu não sabia disso”, disse.

Luciana Van Haeten tinha equipamento para os dois filhos. Cadeirinha para a menor e assento para o maior. “Sabemos da importância de usá-los”, afirma. Mas Luciana reclamou que eles são muitos caros.

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