A partir de 25 de outubro o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo II (Cindacta II), localizado em Curitiba, também vai monitorar dois setores do espaço aéreo brasileiro que hoje estão sob a responsabilidade do Cindacta I, em Brasília. Segundo o comandante-chefe da Comunicação Social do Cindacta II, capitão Leonardo Mangrich, a unidade de Curitiba está preparada para desempenhar as novas funções.
Mangrich explica que foram adquiridos novos equipamentos e softwares de operação, além da capacitação de novos controladores de vôo para atender a nova área. A previsão é que até o dia 25 de outubro os novos operadores já estejam aptos para trabalhar. Segundo Mangrich, é difícil calcular quantos profissionais a mais são necessários para dar conta do trabalho. Porém, em entrevista concedida em julho, ele disse que em Curitiba havia 177 controladores e seriam necessários cerca de 40 novos funcionários para aliviar a carga de trabalho da época.
A redistribuição das áreas adotada pelo Comando da Aeronáutica, anunciada no início da crise em 2006, chegou a ser engavetada, mas, com o recrudescimento do movimento dos controladores, o órgão decidiu voltar atrás. O principal objetivo da medida é retirar o foco de Brasília e manter inalterado o limite de aviões que um controlador pode ter sob sua responsabilidade, que é de 14.
No início do ano, o Cindacta I deverá perder também o controle do tráfego nos estados do Espírito Santo, que ficará com o Cindacta III, em Recife, e do Mato Grosso, a ser transferido para Manaus (Cindacta IV). Atualmente, todas as aeronaves que atravessam o país são controladas em algum momento pelo Cindacta I, que responde hoje por 80% do tráfego aéreo nacional. A intenção da Aeronáutica é reduzir esta participação para 50%.
A mudança está gerando críticas. Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Controle de Vôo, Jorge Botelho, a Aeronáutica está simplesmente trocando o problema de lugar. Ele disse que o centro de Curitiba, responsável pela região Sul e Mato Grosso do Sul, tem apresentado problemas técnicos.
Hoje, o Cindacta II controla o espaço aéreo do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul e 60% do estado de São Paulo. Agora, passará a responder também por dois setores do estado do Rio de Janeiro. Um deles vai da região norte do estado até a divisa com o Espírito Santo e outro, que abrange 60% do estado, parte de Minas Gerais (Belo Horizonte, Juiz de Fora, Barbacena) e vai até o Vale Paraíba (SP), e é um dos cinco mais movimentados do país.
Na prática, essa medida atinge todos os vôos que vão para o Rio e não passam por cima de São Paulo. Não haverá mudanças na ponte aérea, que é uma área especial, controlada pelo centro de aproximação do Rio e São Paulo. A partir de 25 de outubro, o centro de controle de Curitiba também poderá transferir vôos diretamente para Manaus e Recife, sem ter de falar com Brasília.