Curitiba

Ciclistas e motoristas aprovam o uso da Via Calma, no Centro

O compartilhamento de uma rua de Curitiba entre carros, motocicletas e bicicletas é uma realidade na cidade. Há 20 dias foi implantada a Via Calma da Avenida Sete de Setembro, projeto-piloto da Prefeitura de Curitiba que pretende iniciar uma mudança de cultura no trânsito, promovendo uma relação de mais respeito entre motoristas, ciclistas e pedestres.

A experiência tem aprovação dos usuários, principalmente dos ciclistas, que agora têm a oportunidade de percorrer uma das mais importantes vias da cidade com maior segurança, sem precisar enfrentar os ônibus biarticulados nas canaletas.

“Voltei a andar de bicicleta há uma semana e logo comecei a utilizar a Via Calma para ir e voltar do trabalho. O projeto é muito interessante e acho que ele deveria ser expandido para outros locais da cidade. Há outras vias que são utilizadas pelos ciclistas que não têm nem ciclovias e nas quais é mais difícil transitar com os motoristas. Estou aprovando a experiência, pois temos muito mais segurança para andarmos de bicicleta na Via Calma”, diz a médica Alexandra Mara Ruda, que utiliza a via pela manhã e no início da noite. Ela avalia que os motoristas estão respeitando a preferência dos ciclistas na faixa especial, e nota apenas alguns problemas com motociclistas e alguns ciclistas que utilizam a via na contramão.

Para a aposentada Maria Climênia Sandoval Carlos, que percorre a Via Calma de bicicleta de segunda a sexta-feira, a relação dos motoristas com os ciclistas está melhorando a cada dia no espaço compartilhado. “Para quem não dá a preferência, eu costumo parar ao lado do carro, bato no vidro e aviso que a faixa é preferencial para o ciclista. É um espaço com muito mais segurança, hoje pedalo mais tranquilamente. O ciclista tem que começar a utilizar ainda mais a via, e também respeitar a sinalização, parar nas bicicaixas para aguardar o sinal abrir”, observa.

Motoristas também estão entendendo a proposta da Via Calma e aprovando sua implantação. “Procuro respeitar a Via Calma porque é um direito de todo mundo utilizar a mesma via. Temos um pouco de problema nos horários de pico, quando há mais fluxo de veículos, mas é um ônus justo a ser pago, pois temos que aprender a compartilhar essa via com ciclistas e pedestres”, avalia Ariel Macedo, projetista mecânico e estudante da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Segundo ele, a experiência na Sete de Setembro é válida, pois traz muito mais segurança a uma região que tinha muitos atropelamentos devido ao grande fluxo de veículo. “Vi muitos acidentes aqui na frente da universidade, pedestres e ciclistas esbarrando toda hora nos carros. Esta iniciativa é muito bacana e espero que todo mundo respeite o compartilhamento na via”, diz.

A Via Calma está alinhada com a proposta da atual administração municipal de trabalhar por uma cidade mais humana e sustentável.Para o coordenador de mobilidade urbana da Secretaria Municipal de Trânsito, Danilo Herek, os resultados iniciais do projeto são muito positivos. “Temos visto que os ciclistas estão migrando da canaleta para a faixa preferencial da via. Ainda existe algum desrespeito à sinalização, mas esperamos corrigir isso em breve. Os ciclistas também estão avaliando positivamente, pois têm um espaço mais seguro para andar, estão começando a entender que a via também é deles e todos estão começando a conviver em harmonia com os carros”, diz.

No dia 21 de agosto deverá ser iniciada a fiscalização com radares estáticos para verificar o respeito à velocidade máxima de 30 km/h nas pistas marginais da Av. Sete de Setembro. “Esta velocidade foi determinada porque é a compatível com a segurança que o ciclista precisa para transitar em conjunto com o automóvel, permitindo o compartilhamento da via sem riscos maiores de acidentes para todos os usurários”, informa.

Projeto

A Via Calma da Avenida Sete, de Setembro foi implantada no trecho que vai da Rua Mariano Torres até a Praça do Japão. Com extensão de 6,3 quilômetros (3 quilômetros sentido centro e 3,3 quilômetros no sentido bairro), o espaço foi criado pela Prefeitura de Curitiba para permitir o compartilhamento do trânsito entre motoristas, motociclistas e ciclistas e um maior respeito aos pedestres da cidade.

Os ciclistas têm preferência em transitar pelo lado direito das pistas marginais (nos dois sentidos), sobre uma área demarcada por uma linha tracejada. Nos cruzamentos da Via Calma foram criadas as chamadas bicicaixas, uma área especial de parada para bicicletas nos semáforos, entre a faixa de pedestres e a área de veículos motorizados.

A bicicaixa protege e prioriza os ciclistas quando o semáforo é aberto – também garante mais segurança nos cruzamentos e assegura a prioridade para as bicicletas na realização de conversões. Somente os ciclistas podem ocupar a área das bicicaixas, assim como o acesso a essas áreas – que são sempre demarcadas em vermelho.

A velocidade máxima permitida de 30 km/h está indicada por ampla sinalização horizontal e vertical em toda a avenida. Os ônibus permanecem circulando nas canaletas exclusivas, com velocidade máxima permitida de 50km/h.

Após avaliação, o projeto será estendido para outras ruas e avenidas da cidade, a serem definidas.

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