O deslizamento de terra ocorrido no Jardim Bonfim, em Almirante Tamandaré (Região Metropolitana de Curitiba), no último domingo, reavivou o problema das áreas de ocupação irregular e de risco.
Na ocasião, uma família inteira escapou da morte, pois sua casa veio abaixo por conta do excesso de chuvas. Eles perderam tudo e tiveram que ir para a casa de parentes, bem próximo do local do acidente.
Porém, muitas outras famílias ainda vivem na região e qualquer chuva que cair pode colocá-las em risco. Além da casa que desabou inteira, a Defesa Civil Estadual interditou outras nove residências que tinham risco. Ontem à tarde, cinco das nove já haviam sido liberadas para os moradores.
“É uma área muito perigosa, de fundo de vale. Nós orientamos as famílias a deixarem as casas, mas muita gente não sai. Três casas têm risco iminente de cair”, avaliou o comandante dos bombeiros comunitários de Almirante, Alvacir Ferreira.
Uma das moradoras que teve a casa interditada, Daiane Oliveira, conta que nem terminou de pagar a construção. Ela mora no local com dois filhos, um de quatro e outro de dois anos.
“A gente nem sabe o que faz. Não faz nem um ano que eu moro aqui”, disse ela. Na casa que desabou estavam quatro crianças e a mãe, Marilise de Oliveira, que está grávida de cinco meses. Uma das meninas, de sete anos, quebrou a clavícula. “Eu fui no quarto pegar um sapato e escutei o barulho. Tentei escapar mas não consegui”, contou.
O servente José Licoski, que também mora no local, contou que viu o desmoronamento e ainda ajudou os bombeiros a tirar a menina dos escombros. “Deslizou tudo e só ouvi o grito das crianças”, disse. Ele e outros moradores reclamam que a prefeitura prometeu realocar as famílias do bairro há muitos anos. “Mas eles só vem aqui em época de eleição. E nós não temos para onde ir”, disse.
O procurador do município de Almirante Tamandaré, Martinho Carlos de Souza, explicou que há dificuldades em realocações, pois a cidade tem cerca de 30 áreas de ocupações de risco.
“Nós temos um relevo acidentado e muitas áreas invadidas, o que dificulta o assentamento de todos”, comentou. Mas ele informou que uma licitação para realocação de 200 famílias já está em andamento. No entanto, a prefeitura ainda vai verificar se pode incluir algumas famílias do Jardim Bonfim.