A PR-405, único acesso rodoviário ao município de Guaraqueçaba, no litoral do Paraná, e antigo motivo de revolta dos usuários devido à dificuldade que apresenta ao tráfego, está novamente irritando os moradores do município.
As recentes chuvas que caíram na região deixaram os 86 quilômetros da estrada de chão praticamente intransitáveis. Para quem transita pelo local, a manutenção, mesmo sendo quase permanente, não é suficiente, sendo necessário a pavimentação ou o calçamento urgente da rodovia. Porém, questões ambientais dificultam o processo.
“Moro no ponto final, ou seja, na sede do município. Confesso que é desanimador o dia em que se tem que viajar pela PR-405”, afirma o professor Ivã Simões de Miranda, que utiliza a estrada com freqüência.
“A disposição é algo imprescindível, a paciência e o tempo têm que fazer parte do cotidiano. Não tem outra saída”, ressalta. O trajeto, segundo ele, dura em torno de três horas. “Tudo isso gera um atraso no município. Perdemos o trem do progresso”, completa.
O prefeito da cidade, Riad Said Zahoui (PSB), esclarece que as condições da estrada já foram piores, mas que só a pavimentação ou o calçamento da rodovia podem trazer algum desenvolvimento ao município.
“Seria uma redenção para nós. Desse jeito, não chega desenvolvimento aqui, e não temos nem como segurar nossos jovens. Nossa população há 50 anos era de 25 mil moradores, hoje é de cerca de 8 mil”, informa.
Segundo ele, a manutenção ajuda, mas não resolve o problema: “Como chove muito na região, todo serviço que é feito acaba estragando logo em seguida”, lamenta.
O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) informa que todo serviço de manutenção possível é feito na rodovia, já que a pavimentação não pode ser feita por questões ambientais.
O órgão informa que mantém equipamentos no local constantemente, mas que as máquinas não têm como trabalhar quando chove demais. Nesse caso, os reparos são feitos, segundo o DER, assim que o tempo melhora.
Mas o prefeito não acha que a pavimentação traria problemas ambientais. A região, para ele, é “muito bem fiscalizada” pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e Força Verde.
E a estrada de terra acaba também causando transtornos ao ecossistema, como o assoreamento dos rios próximos, já que as enxurradas carregam os detritos aos leitos, segundo Zahoui. “Não há mesmo interesse em pavimentar”, acredita.