Foto: Chuniti Kawamura |
Rio do Poço: assoreamento. continua após a publicidade |
Continua crítica a situação dos rios e córregos de Contenda, município da Região Metropolitana de Curitiba. Eles estão sendo prejudicados pelo assoreamento e pelos depósitos de saibro, vindos da estrada, e de terra, vinda das plantações. O material acaba parando nos rios depois de pancadas de chuvas porque não há uma contenção correta. O cenário já havia sido mostrado por O Estado no dia 17 de março. No mesmo mês, as máquinas da Prefeitura de Contenda chegaram a fazer parte do trabalho, mas também derrubaram muito material na água, segundo a organização não-governamental Eco-rios, que atua na região.
No Rio do Poço, existem diversos pontos de assoreamentos. Em um deles, perto de uma ponte, árvores e pedras já foram parar dentro do rio. O mesmo acontecia em outro ponto da margem, mas no local foi realizado um trabalho de contenção pela Eco-rios, com permissão do Instituto Ambiental do Paraná (IAP). ?Já fizemos pedidos para a Prefeitura de Contenda para realizar a contenção no ponto crítico. Precisamos de pedras e de uma máquina. Hoje, a força da própria água do rio mais a água que escorre das estradas estão provocando o assoreamento. Isso precisa ser feito com urgência?, explica Iolando Wojcik, presidente da entidade.
Em outro ponto do Rio do Poço, o assoreamento quase prejudicou uma estrada da região. Foi feita uma contenção apenas com terra, que já está cedendo. Há risco de acidentes no local.
Em outros córregos, as patrolas chegaram a erguer algumas barreiras de terra na beira da estrada. No entanto, as máquinas também derrubaram muito material nos córregos, segundo Wojcik. Ele conta que as máquinas da Prefeitura foram até o local em março. Mas o trabalho deveria ter sido supervisionado pela Eco-rios, conforme um ofício emitido pela Câmara Municipal de Contenda, e isso não ocorreu.
O chefe do Departamento de Agricultura e Meio Ambiente da Prefeitura de Contenda, Antônio Leche, disse que, ?na medida do possível (de acordo com a disponibilidade de recursos), as obras de contenção nas estradas rurais de contenda estão sendo feitas e com a devida orientação técnica, seja da ONG ou de técnicos contratados pela Prefeitura?. Ele culpou a forte chuva de quinta-feira pelos estragos constatados ontem. ?A chuva causou problemas até em Curitiba. Como que nossas estradas de terra iam resistir??, argumentou.
Municípios contabilizam perdas pelo temporal
Diogo Dreyer
O sol brilhou ontem em praticamente todo o Estado e colaborou para que muitos municípios fizessem levantamentos dos estragos da tempestade que atingiu o Paraná na terça e quarta-feira. Segundo a Defesa Civil, a chuva atingiu mais contundentemente as regiões oeste e o sul, afetando cerca de 14,5 mil pessoas: 828 ficaram desalojadas e 475 ainda estão desabrigadas. Uma pessoa morreu atingida por um raio em Imbituva, na região dos Campos Gerais, e outra em Curitiba, levada por uma enxurrada.
Os municípios mais atingidos pelo temporal foram General Carneiro, Palmas, Salto do Lontra, Santo Antônio do Sudoeste, Coronel Domingos Soares e Campo Bonito, onde ainda vigora a situação de emergência decretada na quarta. Nessas cidades, a chuva provocou estragos em 437 edificações, entre casas e prédios públicos, mas não houve nenhum registro de morte e feridos graves.
Segundo o prefeito interino de Campo Bonito, Claudino Wonsoski, pontes e manilhas foram arrastadas na enxurrada, o que deixou regiões inteiras ilhadas. ?Além disso, 60 casas foram atingidas na cidade, algumas inclusive arrastadas. A Prefeitura está ajudando com cestas básicas e cobertores quem ficou desabrigado. Mas a maioria das pessoas conseguiu abrigo na casa de parentes?, diz Wonsoski. Segundo ele, serão precisos 30 dias para a cidade se recuperar dos estragos.
Já em General Carneiro, mais de 150 residências foram atingidas com a subida repentina do Rio Torino, que corta a cidade. Uma casa foi destruída devido a um desmoronamento. De acordo com o técnico administrativo da Prefeitura, Edmilson Helói Gauer, a maioria das 350 pessoas que precisou deixar as casas voltou ontem. ?O impacto maior foi sentido no comércio, já que a maior inundação ocorreu no centro, onde ficam as lojas. Muitos comerciantes perderam tudo?, conta. Ele informa que estradas nas áreas rurais da cidade foram muito atingidas e uma ponte está com a estrutura comprometida.