Os curitibanos que quiserem usar os serviços de táxi nesta quarta (30) e também na quinta-feira (31) podem encontrar dificuldades em achar carros disponíveis. Cerca de 200 dos 2.902 taxistas que atuam na capital devem cruzar os braços em protesto aos valores pagos por quilômetro rodado às empresas de táxis. Cada condutor que trabalha para uma das 16 empresas que atuam no setor em Curitiba precisa pagar ao empregador os quilômetros rodados segundo uma tabela específica.

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A tabela funciona da seguinte forma: quanto menor a distância percorrida pelo motorista em um dia maior será o valor do quilômetro pago às empresas. Atualmente, um taxista que percorre até 70 km por dia pagará R$ 1,25 por quilômetro, ou seja, entregará R$ 87,50 aos patrões, além de arcar com o combustível e a conservação do carro. Esse valor corresponde a 50% do que é arrecado diariamente por taxista.

De acordo com Wilson Cesar Correia, há 15 anos na profissão, a categoria precisa tirar dinheiro do próprio bolso para trabalhar. Como o empregado paga também pelos quilômetros percorridos com o carro vazio, desembolsa um dinheiro que não recebeu. “A tabela é uma arapuca, só funciona para o patrão”, desabafou.

Reinvindicações

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Para tentar diminuir a defasagem dos valores recebidos pelos taxistas, o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário do Estado do Paraná (Sitro) realizou três assembleias e outras três reuniões com o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros em Automóvel de Aluguel (Táxi) do Estado do Paraná para tentar chegar a um acordo.

Entre as soluções propostas está a criação de uma tabela, com valor fixado em R$ 1,15 independentemente da quilometragem rodada e também o desconto de 10% do montante diário pago às empresas.  Esse desconto funcionaria como forma de abate do percurso feito pelos taxistas para fazer o acerto do pagamento. “Nós pagamos todos os dias aos patrões para poder entregar o dinheiro a eles”, disse Correia. “Isso não é justo”, completou.

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Outro pedido da categoria é que sejam pagos R$ 16 de vale refeição. No entanto, o sindicato patronal ofereceu somente R$ 10, dos quais R$ 2 seriam bancados pelo funcionário. “Dependendo de onde você estiver, vale mais a pena almoçar em um restaurante de luxo, pois além de pagarmos o almoço ainda pagamos a quilometragem”, comentou Wilson.

Apesar da negociação entre as partes, na última conversa entre patrões e empregados no dia 17 de julho, no Ministério Público do Trabalho, o sindicato das empresas teria retirado todas as propostas anteriores, fazendo pequenas modificações nos valores da tabela.

Bandeira 2

Outra queixa levantada por Correia corresponde à aplicação da bandeira 2 durante o mês de dezembro. Segundo o taxista, os 15% adicionais referentes à bandeirada não são repassados aos motoristas e são usados, na verdade, pelas empresas para pagar o 13° salário. “As empresas criam uma nova tabela com valores mais altos e válidos somente para dezembro”, disse João (nome fictício, pois o taxista não quis se identificar). Para ele, o benefício deve ser pago com o valor arrecadado durante todo o ano e não com o adicional de dezembro.

Frota

João comentou também o aumento da frota, que teria reduzido o volume de trabalho. “Com mais carros nas ruas e sem nenhum aumento no número de pontos, nós rodamos mais e gastamos gasolina sem receber nada”. Para o taxista, Curitiba não tem passageiro suficiente para a atual frota.

Já Correia comenta que a situação ficou ainda pior durante a Copa do Mundo. “Acreditávamos que teríamos um movimento maior, mas isso não aconteceu. Quem era estrangeiro já tinha fechado pacote com o hotel. Quem era de outro estado pegava o ônibus grátis”, relembrou.,p>

Represálias

Wilson contou ao Paraná Online que, por ser membro de uma comissão de negociação, foi demitido da empresa em que trabalhava. “Está na ata da última reunião. Fui mandado embora por buscar os meus direitos”, lamentou.

O Paraná Online entrou em contato com a Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), responsável por gerenciar o transporte na cidade, que afirmou que não irá interferir na conversa entre as empresas e os patrões, já que se trata de uma discussão trabalhista. A reportagem procurou o sindicato patronal, mas não conseguiu contato.

Entenda a atual tabela de quilometragem

Valor pago às empresas pelos taxistas

Quilometragem/Dia

R$ 1,25

Até 70 km

R$ 1,20

De 71 a 100 km

R$ 1,13

De 101 a 125 km

R$ 1,10

De 126 a 150 km

R$ 1,02

Acima de 151 km