A Universidade Federal do Paraná (UFPR) avança na pesquisa em medicina regenerativa. Ontem, no Hospital de Clínicas de Curitiba, foi inaugurado o Centro de Pesquisas de Células-Tronco na área de cardiologia. Com investimentos públicos e privados, a unidade começa já com três grandes pesquisas em andamento.
O cardiologista Danton da Rocha Loures, um dos responsáveis pelo centro, explica que as células-tronco têm um alcance extenso na cardiologia porque podem ser estudadas como solução para muitas doenças degenerativas, como infarto agudo, insuficiência coronária crônica e cardiomiopatia dilatada. Nesses casos, normalmente seriam indicados os transplantes cardíacos. ?Porém, esses só são viáveis em até 10% dos casos, porque não há doador ou por incompatibilidade. Então, estudar as células-tronco seria buscar alternativas para o transplante?, afirma Danton.
O grupo de trabalho é formado por mais de 30 pesquisadores. ?No primeiro estudo, com pacientes com cardiomiopatia dilatada, o que será feito é a injeção de células-tronco na coronária. O que se espera é que as células fiquem lá e recomponham o músculo do coração, que estava debilitado?, explica Danton.
O cardiologista Ronaldo Bueno, responsável pelo estudo multicêntrico em cardiomiopatia dilatada, explica que a pesquisa é realizada simultaneamente em cerca de 20 instituições de ensino do País. No Paraná, além da UFPR participam a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e a Universidade Estadual de Londrina (Uel). O HC será responsável por 10% dos 300 pacientes pesquisados no Brasil. Os resultados serão analisados no Hospital de Cardiologia de Laranjeiras, no Rio de Janeiro.
?Selecionados os pacientes com cardiomiopatia dilatada, faremos a infusão de 20 mililitros de células-tronco através de um cateter nas três principais coronárias. Para este estudo, através de financiamento do Ministério da Saúde e o de Ciência e Tecnologia e a Finep, será destinado R$ 12 mil por paciente. Esse é o primeiro estudo dessa monta no mundo?, afirma Bueno.
Para o médico, com todas essas pesquisas a UFPR poderá ser, mais para frente, uma das entidades a fazer parte da discussão da política de saúde pública para a utilização de células-tronco. ?Esse centro não servirá apenas para a cardiologia, mas beneficiará todas as demais áreas da medicina?, conclui.
A pesquisa voltada a pacientes com insuficiência coronária que já enfartaram é coordenada pelo cardiologista Ricardo Wespphal.
