Em menos de três semanas, o Centro de Recuperação de Afogados, instalado pela Secretaria Estadual da Saúde no Hospital Nossa Senhora de Navegantes, em Matinhos, atendeu 12 pacientes vítimas de afogamento: sete homens, na faixa de 20 a 40 anos, e cinco mulheres, entre oito e 20 anos.
Na última quarta-feira (4) foram feitos dois atendimentos de pessoas que se afogaram quando brincavam no mar. Emelin Amaral, de 9 anos, estava na praia de Caieiras, em Guaratuba, quando caiu em um buraco e foi puxada para o fundo, por volta do meio-dia. O pai dela, o metalúrgico Fernando Amaral, viu a cena e correu para salvá-la, e depois precisou de ajuda dos guarda-vidas para sair da água.
Uma aeronave do Grupamento Aéreo, da Secretaria de Estado da Segurança, foi acionada e em menos de 10 minutos Emelin estava sendo atendida no Centro de Recuperação de Afogados. “Foi um descuido, mas consegui salvar a menina. Os guarda-vidas me ajudaram água e trouxeram ela ao hospital. A estrutura está funcionando muito bem e acho que vai salvar muitas vidas”, disse Amaral.
A zeladora Cleri de Paula, de 35 anos, que mora no balneário de Gaivotas, também tomou um susto quando viu o filho, Lucas Crisanto, de 11 anos, passando dificuldades em uma área onde não havia guarda-vidas. Ela estava trabalhando e deixou o garoto ir à praia com os visitantes que estavam na casa dela.
Ela disse que olhou pela sacada do apartamento e viu a criança se debatendo na água. “Gritei pedindo ajuda e os vizinhos tiraram ele da água já desmaiado”, contou Cleri emocionada. “Felizmente os guarda-vidas chegaram rápido e a ambulância trouxe ele até o hospital. Ele foi muito bem atendido”, afirmou.
Jussara Purkot, diretora do hospital, relatou que todos os 12 casos atendidos no Centro de Recuperação de Afogados tiveram resultado satisfatório. Segundo ela, apenas dois casos mais graves, com grau 6, precisaram ser encaminhados ao Hospital Regional, em Paranaguá, onde há uma unidade de terapia intensiva”.
A médica Beatriz Monteiro Oliveira, da área de urgência e emergência da Secretaria da Saúde, disse que o Centro de Recuperação de Afogados é uma experiência inovadora, baseada num sistema criado por especialistas do Rio de Janeiro. Segundo ela, a equipe tem conseguido garantir as condições de atendimento e sobrevida das vítimas de afogamento. De acordo com a médica, o trabalho é feito em linha, a partir de um protocolo, que começa com o guarda-vidas treinado, na hora do resgate. A vítima continua recebendo atendimento até chegar ao centro, onde outra equipe especializada foi treinada para dar continuidade ao atendimento.
De acordo com o tenente-coronel Edmilson Barros, que coordena o trabalho do Corpo de Bombeiros na Operação Verão, desde o dia 16 de dezembro, foram registrados 343 atendimentos de vítimas de afogamento no Litoral paranaense. Foram 268 resgates e 59 vítimas de grau 1, o menos grave.
A partir do grau 2, até o 4, a vítima é encaminhada ao Centro de Recuperação de Afogados. Entre os pacientes atendidos no Centro de Recuperação, 10 passaram pelo período de observação, foram monitorados, tratados e posteriormente liberados. Dois morreram após os primeiros-socorros. Outras três pessoas morreram vítimas de afogamento no Litoral.
O centro também atendeu 25 pacientes vítimas de acidentes com queimadura provocada pelo contato com águas-vivas. Eles foram tratados e liberados.