Nesta quinta-feira, dia 26 de abril, completam-se dois anos de um projeto que nasceu de um sonho e se tornou realidade com muito trabalho e longe de qualquer ação do Estado. O Centro de Educação João Paulo II, localizado na zona rural de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, foi idealizado pelo casal Elizabeth e Belmiro Valverde Jobim Castor e tem como único objetivo oferecer educação gratuita para crianças de baixa renda da localidade. “Nós temos uma chácara na redondeza e sempre que passávamos pela região, pensávamos em fazer algo pela região”, afirma Elizabeth, que é diretora da escola.

continua após a publicidade

Hoje o Centro de Educação João Paulo II atende 217 crianças, entre 3 e 14 anos. Na educação infantil (3-4 anos) são 65 crianças que estudam em tempo integral, das 8h às 16h. Além dos pequenos, há também as turmas de contraturno. São 150 alunos das escolas municipais rurais Júlia Wanderley e Professora, que realizam, fora do horário normal de escola, atividades de música, dança, teatro, educação física, inglês, espanhol e artes plásticas, além de aulas de reforço de português e matemática.

“Atualmente temos uma boa relação com essas escolas municipais No começo havia uma certa desconfiança em relação ao nosso trabalho, mas depois viram que se tratava de um complemento do trabalho que as crianças realizavam em sala de aula. Agora há uma troca de figurinhas e trabalhamos juntos em prol dos alunos”, afirma Alexandra Teixeira Soares de Lima, coordenadora da Escola.

A escola conta com uma equipe 23 funcionários. “Optamos por não contar com trabalho voluntário por não haver qualquer tipo de compromisso. Voluntários são bons, mas às vezes não tem. Além disso, não há como cobrar de um voluntário. Então resolvemos contratar nossa equipe toda para haver compromisso com o projeto”, diz Elizabeth.

continua após a publicidade

O Centro de Educação João Paulo II funciona única e exclusivamente com verba cedida por empresas, multinacionais e locais, e colaboradores fixos mensais, que hoje são mais de 120. “O custo por criança é aproximadamente o mesmo que o Estado gasta em uma escola da rede pública. Mas, no Centro, elas estudam em regime integral e recebem três refeições por dia, gratuitamente”, revela Belmiro .

Os professores todos foram contratados após passar por um processo de seleção realizado pelo Colégio Bom Jesus, um dos parceiros do projeto, que também elabora todo o plano pedagógico da escola. Além disso, o Sesi/PR fornece técnicos e professores que realizam as atividades extracurriculares.

continua após a publicidade

Não há vagas para novos alunos

Com tanta estrutura, a procura por vagas no Centro de Educação João Paulo II é grande. “Recebemos diariamente ligações de pais perguntando se há ainda alguma vaga para seus filhos, mas infelizmente já estamos no limite da nossa capacidade”, afirma Alexandra. Além disso, existe um critério para a escolha dos alunos. Os estudantes são selecionados pelo critério da renda familiar, ou seja, quanto menor a renda, maior a prioridade para a matrícula. A seleção é realizada pelos técnicos do Sesi-PR.

Aulas de reforço melhoram notas

Os estudantes Artur Belarmino Frandolozo, João Victor Oliveira e Gustavo Zambão, todos de 9 anos de idade, são alunos do 4º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Rural Júlia Wanderley no período da tarde e pela manhã fazem as atividades de contraturno no Centro de Educação João Paulo II.

Para o trio, as aulas de reforço de matemática e português já fizeram com que as notas aumentassem na escola. “Hoje eu até gosto de matemática”, afirma João Victor. Já para Artur B,erlamino Frandolozo as aulas de teatro e caratê são as mais legais. “Eu gosto delas por que dá fazer bastante bagunça”, diz.

Um pouco mais contido, Artur conta que antes de entrar para a João Paulo II não fazia muita coisa em casa. “Ficava jogando videogame, brincando e mais nada. Hoje a gente tem um monte de coisa pra fazer. As aulas de música são bem legais. A de caratê também, mas a professora diz que não pode brigar na rua”, diz, num tom bastante sério.