A Central Estadual de Transplantes (CET), vinculada à Secretaria da Saúde do Paraná, intermediou, de janeiro a julho de 2003, 48 transplantes de fígado. Em 2002, foram noventa transplantes e, em 2001, 76. A CET trabalha para aumentar esse número, que vem se mantendo na mesma média nos últimos anos para diminuir as filas. Hoje, existem 426 pessoas inscritas, aguardando doação de fígado. “A fila de pessoas que necessitam de um órgão aumenta todos os dias”, disse a coordenadora da CET, Arlene Terezinha Garcia Badoch.
O objetivo principal da CET é diminuir a fila para aumentar o número de histórias como a do jornalista Francisco Carlos Soares, de 71 anos, de Paranavaí. Ele vai comemorar, em setembro, quatro meses de recuperação de um transplante de fígado. “Fiquei três anos aguardando na fila. Hoje sou outro homem, que redescobriu a qualidade e o gosto pela vida”, diz. Ele está em Curitiba se recuperando do transplante junto com sua esposa.
Segundo Arlene, a função da Central é assegurar a justiça na distribuição de órgãos e tecidos garantindo a prioridade em lista única por ordem de inscrição.
Francisco acredita que muitos pacientes com algum tipo de doença no fígado ainda não sabem desta prioridade e deixam de questionar a possibilidade do transplante com seus médicos. “As pessoas precisam perder o medo deste tipo de cirurgia. Até agora não tive nenhuma rejeição e posso comer de tudo”, afirma.
O Sistema Único de Saúde (SUS) custeia todo o transplante e o tratamento pós-operatório. Os medicamentos são fornecidos gratuitamente pela Cemepar (Central de Medicamentos do Paraná). São medicamentos de uso contínuo, que devem ser usados pelos transplantados durante toda a vida. No total, a Cemepar distribui mais de 645 itens. Desses, cinco são para transplantados.
O fígado é o terceiro órgão que tem maior fila de espera no Paraná. Hoje, para ser doador não é necessário deixar nada por escrito, em nenhum documento. Não existe limite de idade, porém todos os casos de doação são avaliados pela equipe de transplantes quanto à viabilidade dos órgãos.
A CET tem uma fila de espera com 3.627 pessoas necessitando de transplante de coração, fígado, rim e córneas. Hoje existem catorze pessoas que fazem plantão de 24 horas na Central e que freqüentemente são chamadas para ajudar na abordagem para doação. Em média, as pessoas ficam dois anos na fila para transplantes.