Sem resposta. É assim que boa parte dos médicos das unidades de saúde e hospitais de baixa complexidade fica após consultar a Central de Leitos de Curitiba sobre para qual hospital de referência deve ser encaminhado o paciente que precisa de vaga em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ontem foi a vez dos familiares do pedreiro Hélio Barbosa dos Santos, de 51 anos, sentirem na pele o descaso da rede pública de saúde com quem está entre a vida e a morte.

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Hélio deu entrada por volta das 7h na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas de Pinhais, com fortes dores na região torácica e inconsciente. De acordo com o coordenador dos médicos da UPA, José Eduardo Bernabé, o quadro era de edema pulmonar agudo e, por causado risco de parada cardíaca foi necessário entubá-lo para ventilação. “Começamos procurar o leito de UTI porque ele apresenta risco de morte, porém, mais uma vez passamos o dia sem resposta da Central de Leitos e seguimos administrando o paciente dentro das condições que a unidade oferece”, relatou.

Buscas

Com média de 60 a 90 pacientes por plantão, o médico diz que a história se repete toda vez que se busca vagas em UTI. “Não há vagas. Se não for por meio da camaradagem entre colegas de hospital, o paciente fica onde está, aumentando o risco de não sobreviver pela falta da estrutura adequada, porque se trata de hospital de baixa complexidade, ou por infecção”, lamenta. Segundo a prefeitura, algumas unidades de saúde encaminham diretamente o paciente grave, mas com condições de esperar, para algum hospital de referência para não passar pela Central de Leitos.

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Famílias desesperadas. Prefeitura culpa a UPA

Os cinco filhos e a esposa de Hélio Barbosa dos Santos estavam desesperados com a espera por encaminhamento, que até as 18h não tinha ocorrido. “Perdemos um tio pelo mesmo problema de saúde e de falta de atendimento”, lamentou uma das filhas, a ascensorista Edvalda. Após a Tribuna entrar em contato com o assessor de gestão da prefeitura de Curitiba, Matheos Chomatas, foi encontrado um leito de UTI no Hospital Regional de Ponta Grossa. A demora, segundo Chomatas, foi por falta de informação da UPA de Pinhais. “Eles acionaram a Central às 6h40, mas ao longo do dia não repassaram os exames e as informações necessárias para encontrarmos o hospital adequado às necessidades do paciente. Sem isso, não há condições da Central auxiliar os municípios”, orientou. O número de leitos de UTI na central que atende a regional de Curitiba não chega a 500.

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