O governador Jaime Lerner inaugurou ontem as obras de restauração da Estação Ferroviária de Antonina, um dos mais importantes prédios históricos da cidade e um dos mais valiosos do Paraná.
Exemplar arquitetônico da fase áurea do período do mate, localizada na entrada do município, a antiga Estação foi revitalizada e teve seu uso adequado para espaço cultural, retomando seu papel de uma das âncoras do extenso acervo turístico de Antonina. Inaugurada em 1916, a antiga estação funcionou até janeiro de 1977, quando foi desativada pela Rede Ferroviária Paraná e ficou sem utilidade definida. Apesar do precário estado de conservação, o prédio não chegou a apresentar danos estruturais significativos. ?É uma obra fundamental para a cidade e para todo o Paraná.
Na restauração da Estação Ferroviária de Antonina foram investidos R$ 594 mil, recursos do projeto de Valorização Cultural. O projeto faz parte da segunda fase do Paraná Urbano, cuja execução é coordenada pela Secretaria do Desenvolvimento Urbano. ? É um prédio que estava desativado e agora pode ser novamente utilizado pela população?, disse a prefeita de Antonina, Munira Peluso.
Turismo
Em Antonina, a recuperação da antiga estação tem forte repercussão também sobre a economia do município, através do incremento do turismo. A cidade mantém até hoje uma atmosfera que remete aos séculos XVIII, XIX e início do século XX. Suas ladeiras descem o morro da matriz e as ruas estreitas e travessas desembocam na antiga estação. A partir dela chega-se à estrada da Graciosa e à orla marítima. Para quem chega à cidade, o prédio é a primeira imagem marcante.
Inauguração aconteceu durante a I Grande Guerra
Criada a partir de uma capela, Antonina foi um núcleo de província sem grandes riquezas, a não ser aquelas geradas pelo comércio e pelo seu porto, que se tornou próspero e importante, exigindo um sistema de transporte mais eficiente. Em 1891 foi concluído o ramal ferroviário Morretes-Antonina. Em 1916, em plena I Guerra Mundial, foi inaugurada a Estação Ferroviária.
O prédio foi projetado de acordo com o estilo dos terminais ferroviários do início do século XX. Sua técnica de edificação, predominante na arquitetura eclética, é a alvenaria de tijolo maciço rebocado. A madeira é o material das divisórias secundárias, pisos e forros. Portas, janelas, escadas e o conjunto de frisos conferem projeção à fachada do prédio.
O arquiteto Humberto Fogassa, responsável pela pesquisa histórica para a restauração, define o prédio como ?uma construção requintada quanto à técnica e aos materiais construtivos, típica das estações da região litorânea?. O patrimônio histórico e artístico dessa região compreende as obras de arte e arquitetura dos municípios de Paranaguá, Morretes, Guaratuba e Antonina.
Exemplar
Fogassa diz que a arquitetura antiga de Antonina tem importância histórica devido à sua preservação. Segundo ele, de um modo geral, as construções anteriores ao séc. XVIII já não existem mais. Os exemplares na área rural também não são encontrados e o acervo da paisagem urbana, a partir do século XVIII, começam a se deteriorar. ?Antonina é um dos exemplos raros desta fase, permanecendo como autêntico patrimônio da nossa cultura?, diz.
?O interesse pela cidade como alternativa turística aumentou, o que é explicado não só pela descoberta de valores culturais, mas também pela sua proximidade de Curitiba e dos balneários litorâneos?, avalia o arquiteto.
Lerner entrega Estação Náutica de Paranaguá
Também foi inauguradaontem a Estação Náutica de Paranaguá, com recursos do programa Paraná Urbano. Com ele, além da recuperação de prédios históricos, como a Estação Ferroviária de Antonina e o Cineteatro de Morretes, também foram construídos ou revitalizados diversos equipamentos de apoio ao atendimento aos turistas que visitam a região. ?Esta base será importante para o fomento do ecoturismo no Paraná?, disse Lerner.
A Estação Náutica foi a última obra inaugurada pelo governador. ?Fiz questão de encerrar meu mandato em Paranaguá, cidade histórica que é o berço do Paraná?, contou Lerner.
A Estação Náutica de Paranaguá é composta de um flutuante de 56 metros quadrados e uma rampa de 13 metros quadrados. A Estação fica junto ao Palácio Mathias Bohn, prédio histórico do século passado, onde funcionou a primeira Prefeitura de Paranaguá e a antiga Agência de Rendas do Município. O prédio pertence à Secretaria da Cultura e foi cedido para o projeto Caminhos do Mar.
O prédio foi parcialmente restaurado térreo e piso do andar superior e oferece ao turista que vai para as ilhas do Paraná guichê para compra e venda de bilhetes, sala de espera, sanitários, café e fraldário. O investimento na obra foi de R$ 236,6 mil e as obras foram feitas em oito meses. A previsão é que durante a temporada de verão, o local receba em média 300 pessoas por dia.
Recantos
Os projetos executados no litoral são da segunda fase do programa Paraná Urbano, desenvolvido em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Na sua primeira fase, o programa garantiu investimentos de R$ 1 bilhão nas cidades paranaenses.
Em Antonina, além da restauração da antiga Estação Ferroviária, o Governo implantou um trapiche flutuante, para facilitar o embarque e desembarque dos turistas nos barcos. O trapiche fica junto ao Mercado Municipal, no centro histórico da cidade.