Cemitérios de Curitiba recebem grande visitação

O movimento nos cemitérios de Curitiba foi grande durante todo o dia de ontem. Logo no início da manhã, muitas pessoas visitavam, rezavam, deixavam flores e velas em frente aos túmulos de entes queridos. Os cemitérios municipais estavam entre os mais procurados.

No Água Verde era grande a quantidade de gente que procurava por sepulturas de familiares e amigos. A dona de casa Silmara Domanski, assim como outras pessoas, rezava em frente ao túmulo de parentes. ?Tenho pai, avôs, filho, tios e um primo que morreu há quinze dias enterrados aqui. Venho visitar sempre o túmulo deles. Por mais que eles tenham morrido, meu vínculo com eles continua e nunca vai acabar?, comentou.

Silmara: ?Vínculo muito forte?.

Algumas pessoas também aproveitaram o feriado para providenciar a limpeza e arrumação dos túmulos. Era o caso da repositora Marileni de Moraes, que no Cemitério Santa Cândida mandou lavar a sepultura dos pais. ?Acho importante manter tudo em ordem. Visitar o cemitério me ajuda a matar um pouco a saudade que sinto dos meus pais, principalmente de minha mãe, que faleceu há apenas três anos?, afirmou.

No Cemitério São Francisco de Paula, como acontece todos os anos no Dia de Finados, o túmulo de Maria Bueno foi um dos mais visitados, ficando repleto de flores e velas. Assassinada em 29 de janeiro de 1893, a Maria Bueno são atribuídos diversos milagres e graças. ?A cada domingo trago flores no túmulo de Maria Bueno. Faço isso há dezoito anos, desde que ela me curou de um câncer no seio. A conheci quando estava em tratamento, por intermédio de uma enfermeira que me falou de seu poder?, contou a cozinheira Irene Gonçalves de Oliveira, uma das pessoas que ontem visitavam a sepultura.

Comércio

Leonilda: ?Queda nas vendas?.

O Dia de Finados foi positivo para os vendedores de flores. Ao lado do Cemitério São Francisco de Paula, a proprietária de floricultura Leonilda Raquel Novakoski teve bastante trabalho. Embora seu estabelecimento estivesse repleto de clientes, ela reclamou que as vendas vêm caindo a cada ano. ?Em Finados de anos anteriores, o movimento já foi muito maior do que isso. Estamos vendendo menos porque não estamos conseguindo concorrer com os supermercados.?

Na floricultura de Leonilda, as flores mais procuradas eram os crisântemos, vendidos a R$ 5 o maço. Já em uma floricultura próxima ao Cemitério do Água Verde, a mesma flor era vendida por R$ 10 o maço, também podendo ser encontrada em vasos que variavam de R$ 5 a R$ 8. ?Além do crisântemo, estamos vendendo muitas rosas, a R$ 2 a unidade. O Dia de Finados ainda é a data do ano em que mais vendemos, mas também tenho sentido os efeitos da venda de flores realizada pelos supermercados?, declarou a vendedora da floricultura do Água Verde, Lurdes Halas Justino.

Outro produto bastante procurado era a vela. O profissional autônomo Valdemir da Silva Deonísio aproveitou o Dia de Finados para comercializar pacotinhos de velas brancas em frente ao Cemitério Santa Cândida. Ele vendia seis velas a R$ 1. Às 9h30, já havia comercializado cem dos duzentos pacotinhos colocados à disposição do público. ?Tenho feito isso todos os anos. É um bico que me ajuda a conseguir um dinheirinho extra para pagar as contas.?

Atividades no Parque São Pedro

Joyce Carvalho

As crianças que foram ontem ao Cemitério Parque São Pedro, em Curitiba, puderam participar de atividades diferenciadas, com o objetivo de aprender a lidar com a dor da morte de um familiar ou amigo. Por meio de desenhos e pinturas, elas puderam expressar o que sentem e deixar mensagens para os entes queridos.

As atividades recreativas permitem que as crianças relembrem os mortos, mas de uma maneira menos traumática. Os trabalhos realizados por elas se tornam uma homenagem para os mortos. De acordo com Ronaldo Vanzo, diretor de marketing do cemitério, essa é uma forma de compreender melhor a situação que vivem. ?É uma forma de tirar um pouco o peso do luto. As crianças desenham como é a visão delas do céu?, afirma.

A pintura e o desenho também amenizam a sensação de tristeza presente nas pessoas quando chegam ao cemitério. É isso que também sentem as crianças e os adultos que participaram de uma outra atividade. Eles puderam deixar mensagens em placas fixadas em um jardim com mil flores. Os dizeres ficam no local até o ano que vem.

Uma missa foi realizada ontem pela manhã no cemitério. Ao final da celebração, uma revoada de pombos trouxe o sentimento de paz para os visitantes. O cemitério esperava a passagem de dez mil pessoas durante o dia. Muitas delas preferiram ficar ao redor dos túmulos, onde depositaram flores e acenderam velas. Uma revoada de pombos também aconteceu ao final da missa celebrada no Crematório Vaticano, em Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). No local, as pessoas visitam as cinzas de seus entes queridos, que ficam depositadas em lóculos.

Missa com 30 mil no Água Verde

Rosângela Oliveira

Uma multidão acompanhou ontem a missa em intenção ao Dia de Finados, na Praça Sagrado Coração de Jesus, no bairro Água Verde, em Curitiba. A celebração foi feita pelo arcebispo metropolitano, dom Moacyr Vitti, e teve a participação do padre Reginaldo Manzotti. Cerca de 30 mil pessoas participaram da cerimônia, o que obrigou a Diretran a bloquear a passagem de carros em algumas ruas próximas ao local.

Este é o quarto ano que a missa é realizada pela Arquidiocese de Curitiba. A cada edição o número de Féis vem aumentando. A dona de casa Maria Palmira de Andrade veio do bairro Pinheirinho para acompanhar a celebração. Ela conta que se sentiu estimulada a comparecer por ser uma oportunidade de manifestar a fé nesse dia quando os mortos são lembrados. ?É preciso lembrar os mortos, mas também é importante celebrar a vida e agradecer a Deus?, disse. Já a auxiliar de produção Cláudia Favretto veio de Colombo para assistir à missa. ?É uma celebração bonita, cheia de gente?, comentou.

Segundo o padre Reginaldo Manzotti, o objetivo da missa é fazer com que as pessoas pensem na valorização da vida e que Finados não é um dia de tristeza, sofrimento ou pena. ?Precisamos encarar a morte como algo natural, uma passagem para irmos ao encontro do Pai. Então, dessa forma, a morte não é o fim, pois Cristo ressuscitou?, disse.

O costume de visitar cemitérios nesse dia, comenta o padre, serve até como um resgate do ?culto à morte? que acontecia no passado, quando as pessoas velavam os corpos em casa. ?Com a tercerização dos velórios por empresas, as pessoas, principalmente as crianças, não têm mais contato com a morte. Isso significa um aprendizado sobre o sentido da vida?, finalizou o padre.

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