A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembléia Legislativa aprovou ontem o projeto de lei que prevê eleições diretas para diretor do Colégio Estadual do Paraná (CEP), em Curitiba. De autoria do deputado estadual Mauro Moraes (PMDB), o projeto segue agora para a Comissão de Educação da Assembléia.
Por conta da polêmica em torno do projeto, a votação reuniu 20 deputados. Apenas 13 compõem a CCJ. Todos votaram a favor do projeto, com exceção do líder do governo, deputado Luiz Claudio Romanelli (PMDB), que alegou inconstitucionalidade na alteração da lei.
O posicionamento de Romanelli deve ser visto como um alerta, segundo o líder da oposição Valdir Rossoni (PSDB). ?Se o líder do governo se posiciona contra é porque o governador vai vetar o projeto lá na frente?, disse. Caso seja aprovado na Comissão de Educação, o projeto deve passar por três votações no plenário da Assembléia, para depois passar por sanção do governador Roberto Requião (PMDB).
Para Moraes, falta legitimidade no processo atual de escolha do diretor do CEP. ?Um diretor indicado em um colégio com 4.500 alunos não tem legitimidade. Não tenho nada contra a atual direção, só quero que haja democracia no Colégio Estadual do Paraná, defendeu. Segundo Moraes, se o movimento estudantil e dos professores permanecer ativo, o assunto pode ser colocado na pauta de votação em aproximadamente 20 dias.
Único colégio estadual do Paraná que tem sua direção escolhida pelo governador, o CEP é hoje dirigido por Maria Madselva Feiges, cuja administração é questionada por professores, pais e alunos desde o fim do ano passado, quando a questão ocasionou protestos no colégio.
Repercussão
Professores e alunos demonstraram confiança na aprovação do projeto. ?Sabemos que o trabalho está só começando, mas estamos esperançosos?, garantiu a professora Maria Luiza Lacerda, para quem a eleição é fundamental para garantir a qualidade de ensino. Maria Luiza está suspensa por 30 dias por ?medida preventiva?, segundo comunicado que recebeu da direção.
Na opinião do presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Paraná (APP-Sindicato), José Lemos, os rumos da educação são definidos com a eleição. ?Não se elege apenas uma pessoa para o cargo de direção. Escolhe-se um projeto a ser seguido?, afirmou.
Influenciar nesse projeto é um dos argumentos dos alunos para que a eleição aconteça. ?Se muitos alunos que já têm 16 anos podem escolher o presidente da República, por que não podem votar para diretor??, questionou Júlia Kalckmann, presidente do grêmio estudantil do CEP.