Foto: Aliocha Maurício/O Estado

 Antônio diz que depósitos chegam a fechar durante as festas.

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Não é só o comércio que sofre com a queda de movimento após o Natal. Com muitos curitibanos deixando a cidade por conta das férias, cai a produção de lixo na cidade, o que dificulta o trabalho dos catadores de papel.

?Agora ainda é um período bom. Com as festas, encontramos bastantes caixas de papelão, papéis de presente, entre outras coisas. Mas, a partir da próxima semana, a coisa complica, o povo vai para a praia e a gente tem que se virar?, comenta o carrinheiro Israel Batista de Almeida. ?Diminui muito o volume que a gente consegue coletar. Há depósitos que fecham e param de comprar?, completou o catador Antônio Donizete da Silva Brito.

Dono de um depósito, Hélcio Sabino do Nascimento compra o material reciclável (papel, vidro, plástico e alumínio) coletado pelos carrinheiros. Segundo ele entre janeiro e fevereiro seu depósito recebe uma média diária de cerca de 300 quilos menor que no restante do ano.

A escassez de material faz com que catadores troquem de serviço durante o verão. ?Eu vivo do papel. Mas têm meses em que eu preciso lavar roupa ou cuidar de crianças para o pessoal de fora?, revela Vera Alves. ?Nesse período não dá para viver só do carrinho. A gente tem de fazer bicos de jardinagem, limpeza ou pintura?, acrescentou Israel.

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Essa incerteza fez com que Lucas Morais trocasse de ramo. ?Eu era catador. Fiquei mais de 10 anos circulando pela cidade atrás de papel e papelão. Mas chegava o fim do ano e ficava uns três meses parado, porque a cidade estava morta. Decidi virar pedreiro. Uma parede que eu erga, ou uma arquibancada que eu ajude a montar, já cobre esse mês que eu não teria o que fazer?, revela.